
Uma nova versão da planilha eletrônica para inventário florestal em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) foi disponibilizada pela Embrapa Florestas (PR). Desenvolvida para uso no Excel, a ferramenta surgiu a partir de demandas identificadas em cursos com técnicos e produtores. Seu objetivo é apoiar o planejamento e a tomada de decisões sobre o plantio e o manejo das árvores nesses sistemas integrados. A ferramenta pode ser baixada gratuitamente na página da Embrapa.
A Planilha para Inventário Florestal no sistema de ILPF se destaca por sua aplicabilidade prática. De acordo com o pesquisador Vanderley Porfírio-da-Silva, da Embrapa Florestas, a realização do inventário florestal é uma etapa crítica nos sistemas ILPF, especialmente aqueles voltados à obtenção do selo Carne Carbono Neutro (CCN).
“O inventário fornece informações que permitem avaliar o crescimento das árvores e estimar o carbono acumulado, dado necessário para comprovar a neutralização das emissões de metano entérico dos bovinos nos sistemas silvipastoris, mas é uma prática que sempre gera dúvidas sobre como deve ser feita”, observa. observa. A planilha é voltada a extensionistas, consultores e demais profissionais que acompanham ou atendem projetos de ILPF.
Na ferramenta, o usuário insere informações básicas da área, como o arranjo espacial definido para o sistema, e a planilha calcula o número de árvores que devem existir na área. Com essa densidade de plantio (número de árvores por hectare), a planilha calcula também valores de parâmetros necessários para o inventário florestal, tais como: o tamanho de parcelas, o número e a distância entre parcelas a serem instaladas no campo, facilitando a execução adequada do inventário e gerando dados precisos, especialmente para o uso nos softwares SisILPF, que são simuladores de crescimento florestal, produção de madeira e captura de carbono para diferentes espécies.
“A planilha ajuda a definir uma amostragem precisa e suficiente, mesmo em sistemas com grande variabilidade de arranjos espaciais de plantio”, explica Edilson Oliveira, também pesquisador da Embrapa Florestas. “Além do inventário de áreas já implantadas, a planilha também pode ser utilizada para simulações que ajudem o produtor a planejar o sistema e levar a campo as melhores opções de implantação de sua área de ILPF”, completa.
Com essa ferramenta, é possível estabelecer parcelas de avaliação permanentes que geram dados contínuos sobre o desempenho das árvores. Isso contribui tanto para o manejo florestal sustentável quanto para o monitoramento dos impactos ambientais positivos do ILPF, como o conforto térmico animal e o sombreamento sobre pastagens.
Sis ILPF: ferramenta digital que integra produção e sustentabilidade
Os SisILPF são softwares que dão suporte às atividades de planejamento, manejo e análise econômica do componente florestal dos sistemas ILPF. Eles possibilitam que os usuários testem, para cada condição de clima e solo, todas as opções de manejo do componente arbóreo deste tipo de sistema.
Os softwares geram tabelas de sortimento de madeira por classes de utilização industrial como laminação, serraria, madeira roliça para postes e cercas, e energia, em função de diâmetros e comprimentos de toras que o próprio usuário indica, além de calcular o carbono capturado pelas árvores e o equivalente em CO2 e metano, e emitem gráficos com estimativas do número de animais que podem ter a emissão de metano compensada pelas árvores do ILPF.
Existem versões do software para sistemas integrados com as seguintes espécies florestais: Eucalyptus benthammii, Eucalyptus dunnii, Eucalyptus urograndis, Pinus elliottii, Pinus taeda, Cedro, Mogno e Teca
Carne Carbono Neutro
Desde meados dos anos 2000, a pecuária bovina brasileira enfrenta pressões internacionais devido aos seus impactos ambientais, especialmente pela associação com o desmatamento e pelos baixos índices zootécnicos, que resultam em uma carne com alta pegada de carbono.
Para abordar essas questões, a Embrapa desenvolveu, em 2012, a marca-conceito Carne Carbono Neutro (CCN). A iniciativa visa produzir carne bovina com emissões de metano compensadas pelo sequestro de carbono em árvores integradas aos sistemas pastoris, como a integração pecuária-floresta (IPF) e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), promovendo o bem-estar animal com maior conforto térmico devido à sombra proporcionada pelas árvores.
A marca CCN, registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), em 2016, após depósito em 2013, é baseada em um protocolo auditável que garante a produção de carne em áreas agropecuárias consolidadas, sem desmatamento ou uso de fogo. O protocolo assegura a neutralização das emissões de gases de efeito estufa, o bem-estar animal e a qualidade do produto, com versões da logomarca em português e inglês.
Testado em fazendas nos biomas Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica, o protocolo CCN integra boas práticas agropecuárias, bem-estar animal, compensação de emissões, rastreabilidade e padrões para frigoríficos. Está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº 2, 12 e 13 que tratam, respectivamente, de erradicar a fome, garantir padrões de consumo e produção sustentáveis e de ações de enfrentamento às mudanças climáticas, além de promover transparência e gestão eficiente na cadeia produtiva, em alinhamento à agenda ESG.
Para Roberto Giolo, pesquisador da Embrapa Gado de Corte (MS) e um dos idealizadores da iniciativa, “a marca CCN agrega valor à carne, beneficiando toda a cadeia, do produtor ao consumidor, com foco na sustentabilidade e na redução de impactos ambientais. Isso fortalece a competitividade da pecuária brasileira nos mercados interno e externo, melhorando sua reputação global”.
Source link