Sem citar Brasil, EUA estudam não aplicar tarifas para café, cacau, manga e abacaxi
O presidente dos EUA, Donald Trump, estuda aplicar tarifa zero para os alimentos que não são produzidos no país. A afirmação foi dada pelo secretário de Comércio norte-americano, Howard Lutnick, em entrevista à CNBC Internacional.
Para ilustrar o tema, ele citou café, cacau, abacaxi e manga. A afirmação pode ser vista como um alívio aos produtores brasileiros, visto que esses produtos estão entre os que o Brasil mais exporta aos EUA, tarefa que pode ser inviável com a implementação do tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiros a partir de 1 de agosto.
No caso da manga, conforme a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas), o Brasil vende cerca de 2.500 contêineres anualmente ao mercado norte-americano. Já quando o assunto é o café, 33% de tudo o que os norte-americanos consomem saem das lavouras de estados como São Paulo e Minas Gerais.
Apesar de não ter citado a laranja, o Brasil é o maior exportador de suco da fruta aos EUA, país que mais consome a bebida e cujo polo produtor, o estado da Flórida, não dá conta de suprir a demanda por ter tido a produção substancialmente reduzida nos últimos anos devido a problemas climáticos e ao enfrentamento do greening.
“O presidente incluiu que se você cultivar algo e nós não cultivarmos, isso pode chegar a zero. Portanto, se fizermos um acordo com um país que cultiva manga ou abacaxi, eles podem entrar sem tarifa. O café e o cacau seriam outros exemplos de recursos naturais”, comentou Lutnick.
Classificados como produtos naturais pelo secretário, ele reafirmou que a taxa de entrada aos EUA pode chegar a zero caso um acordo com os parceiros comerciais seja firmado. Durante a entrevista à CNBC, o membro da Casa Branca falou que o país fechará todos os acordos tarifários até sexta-feira, dia em que as tarifas entrarão em vigor.
Mesmo não tendo citado o Brasil, Lutnik ressaltou que o 1 de agosto vale para todos os países, exceto para a China, visto que as negociações com os asiáticos acontecem de forma separada.
“Para o restante dos países, as coisas precisam ser definidas até sexta-feira. E sexta-feira não está muito longe”, enfatizou.
De acordo com ele, nesta seara, Trump fez apenas um pedido para fechar os acordos comerciais: ter os “mercados totalmente abertos”.
Economistas criticam as tarifas voltadas ao Brasil, país que os EUA mantém superávit comercial. Apenas no 1º semestre de 2025, a relação entre os dois países pendeu positivamente em US$ 1,7 bilhão para os norte-americanos, aumento de cerca de 500% em comparação com o mesmo período de 2024, conforme levantamento da Amcham Brasil.