Cientistas desenvolvem banana imune a fungo
A aprovação regulatória da QCAV-4 representa um marco histórico
Agrolink
– Leonardo Gottems

A aprovação regulatória da QCAV-4 representa um marco histórico – Foto: Divulgação
Em uma pequena plantação no Território do Norte, na Austrália, um grupo de bananeiras da variedade Cavendish tem desafiado as probabilidades. Há mais de sete anos, essas plantas crescem saudáveis em um solo contaminado pelo fungo Fusarium oxysporum, causador da temida doença do Panamá TR4, responsável por devastar lavouras de banana em diversos países. Segundo a Australian Broadcasting Corporation (25/10/2025), a diferença está em seu DNA: trata-se da QCAV-4, a primeira banana geneticamente modificada do mundo aprovada para cultivo comercial.
Desenvolvida por cientistas da Universidade Tecnológica de Queensland (QUT), a variedade recebeu um gene de resistência oriundo do bananal silvestre Musa acuminata ssp. malaccensis. Esse gene permite que as células da planta detectem rapidamente o fungo e ativem mecanismos de defesa semelhantes ao sistema imunológico dos mamíferos, impedindo a propagação da infecção. O resultado é uma planta capaz de sobreviver por anos em solos onde bananeiras convencionais morrem em poucos meses.
A aprovação regulatória da QCAV-4 representa um marco histórico. O cultivo experimental, realizado na fazenda Darwin Fruit Farms, em Humpty Doo, demonstrou que as bananas mantêm o mesmo sabor e aparência das Cavendish tradicionais. Embora a tecnologia prometa revolucionar o setor, ainda há cautela entre produtores e consumidores. Pesquisas da Food Standards Australia e Nova Zelândia (FSANZ) indicam que quase metade dos australianos ainda demonstra receio em relação a alimentos transgênicos.
Mesmo assim, a aceitação pode ser apenas uma questão de tempo. Ensaios já estão sendo realizados no norte de Queensland e nas Filipinas, um dos maiores polos produtores do mundo. Se comprovada sua eficácia em larga escala, a QCAV-4 poderá garantir o futuro de uma das frutas mais populares do planeta — e inaugurar uma nova era para a biotecnologia agrícola.

