terça-feira, outubro 28, 2025
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Gripe aviária na Europa abre espaço para o Brasil


Nova onda de gripe aviária na Europa chegou antes do previsto e já preocupa autoridades sanitárias e produtores locais. Casos foram registrados em mais de dez países, com impacto direto sobre a produção e o comércio de aves, ovos e derivados. O risco de escassez no mercado europeu é real, e pode se transformar numa grande oportunidade para o Brasil.

O Brasil, hoje o maior exportador mundial de carne de frango, tem um sistema produtivo robusto e granjas de alto nível tecnológico. No entanto, a lição da crise europeia é clara, sem proteção sanitária, não há futuro promissor para a avicultura.

A gripe aviária é um inimigo invisível que se espalha rapidamente. Um único foco pode fechar fronteiras e anular anos de conquista comercial. É por isso que o país precisa investir pesadamente em biossegurança, vigilância epidemiológica e treinamento de equipes em campo. O custo da prevenção é sempre menor que o da reação.

O Brasil não é apenas exportador de frango, é exportador de eficiência. A cada crise sanitária em grandes produtores, como Europa ou Ásia, o país reforça seu papel como fornecedor confiável de proteína animal. E mais, com a alta da demanda externa, cresce também o potencial de agregar valor à produção de grãos, especialmente milho e soja, transformando-os em carne e derivados.

Essa transformação é estratégica. Em vez de embarcar grãos crus, o país exporta alimentos prontos, proteína animal, que gera mais renda, empregos e impostos. É o caminho para escapar da armadilha de ser apenas “celeiro do mundo” e se tornar uma potência agroindustrial global.

O agro brasileiro tem maturidade tecnológica e escala competitiva, mas ainda convive com vulnerabilidades logísticas e fiscais. No entanto, nenhuma ameaça é tão letal quanto uma falha sanitária. Um único deslize pode fechar mercados inteiros e destruir reputações construídas por décadas.

Por isso, o investimento em proteção sanitária não é gasto, é seguro no mercado.
Manter granjas isoladas, fiscalizar o trânsito de animais e reforçar os laboratórios de vigilância são medidas que fortalecem a imagem do Brasil perante o mundo.

A Europa vive o que o Brasil precisa evitar, o colapso temporário da produção por uma doença que atravessa fronteiras. Se o país souber combinar segurança sanitária, planejamento logístico e política comercial eficiente, pode ocupar esse espaço e consolidar sua liderança global.

A gripe aviária é uma tragédia para uns, mas pode ser o impulso para que o Brasil venda mais carne, gere mais valor e mostre que sanidade é também soberania.

Miguel Daoud

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural


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