DDG no semiconfinamento: substitui milho sem comprometer o lucro?
Será que o DDG é boa alternativa ao milho em dietas de semiconfinamento? Um especialista em nutrição animal responde se o Grãos Secos de Destilaria com Solúveis pode substituir o cereal sem desbalancear a ração e comprometer os resultados. Assista ao vídeo abaixo e confira.
Pecuaristas, a busca por alternativas mais econômicas para a alimentação do gado é constante, especialmente quando se trata do milho, um dos insumos mais caros na pecuária.
José Paulo, pecuarista de São Félix do Xingu, no estado do Pará (município com o maior rebanho do país), utiliza uma ração baseada em 90% de milho e 10% de núcleo proteico.
Ele busca diminuir o uso de milho e questiona se o DDG (Grãos Secos de Destilaria com Solúveis) pode ser um substituto eficaz para animais em semiconfinamento.
Nesta quarta-feira (30), o zootecnista Tiago Felipini, especialista em nutrição animal e consultor da Alcance Planejamento Rural, respondeu a essa dúvida crucial no quadro “Giro do Boi Responde”.
Felipini adverte que, apesar de parecer uma alternativa econômica, a substituição direta do milho por DDG, nesse cenário específico, não é recomendada.
Por que o DDG não é ideal para substituir o milho nessa dieta?

Tiago Felipini desaconselha a inclusão de DDG em uma dieta que já utiliza um núcleo proteico formulado para milho, mesmo que o DDG apresente um preço mais atrativo na região.
A razão é simples e se baseia na composição nutricional do DDG: ele possui um alto teor proteico (mais de 18% de proteína bruta), o que o classifica primariamente como um produto proteico, e não energético, como o milho.
Quando o DDG é adicionado a uma ração concentrada que foi preparada exclusivamente para ser usada com milho, a dieta é desbalanceada. Isso pode resultar em consequências negativas para o desempenho dos animais:
- Resultados inconsistentes: Os animais podem não atingir o ganho de peso esperado. Por exemplo, se a meta é 1.500 gramas de ganho diário, o gado pode ficar estagnado em 1.200 gramas, mesmo com o aumento da dosagem de ração. Isso ocorre porque o balanço entre energia e proteína é crucial para o desempenho.
- Dieta desbalanceada: A inclusão de uma fonte proteica adicional (DDG) em uma dieta que já conta com um núcleo proteico pode levar a um excesso de proteína e falta de energia. Esse desequilíbrio compromete o balanço nutricional necessário para a engorda eficiente dos animais.
Alternativas adequadas para substituir o milho

Felipini é claro em sua recomendação: nesse caso específico, o DDG não se encaixa como substituto do milho.
No entanto, ele oferece outras alternativas de resíduos da agroindústria que podem, sim, ser trabalhadas no lugar do milho, desde que sejam predominantemente fontes energéticas.
Alguns exemplos de resíduos energéticos que podem substituir o milho em dietas de semiconfinamento sem desequilibrar o balanço nutricional são:
- Casquinha de soja: Subproduto da indústria de processamento de soja, rica em energia e fibra digestível.
- Polpa cítrica: Resíduo da indústria de sucos, que se destaca pelo seu alto valor energético.
Esses produtos, por serem principalmente fontes de energia, são mais compatíveis com a formulação de rações concentradas baseadas em milho e núcleo proteico. Eles permitem uma substituição sem desequilibrar a dieta, mantendo o desempenho dos animais.
Para qualquer modificação na dieta do rebanho, é crucial consultar um especialista em nutrição animal.
Esse profissional poderá formular a dieta corretamente, garantindo que o balanço nutricional seja mantido e que os objetivos de desempenho dos animais sejam alcançados de forma eficiente e econômica.