Caroço do açaí amapaense vira bebida e conquista mercado internacional
Valda Gonçalves, CEO da Engenho Café de Açaí, transformou um problema ambiental em negócio de impacto, ‘Café de Açaí’ — nome registrado para a bebida rica em antioxidantes e fibras -, sem cafeína —, em Macapá, Amapá (AP). “Transformamos o que antes era lixo em um alimento funcional”, afirma a CEO.
A ideia nasceu dentro de uma batedeira de açaí, onde Valda percebeu o desperdício: “cerca de 80% do fruto virava resíduo e, muitas vezes, acabava sendo jogado em rios e terrenos.” Junto com o esposo, Lázaro da Silva Gonçalves, sócio da empresa, eles buscaram uma solução, e desenvolveram um processo de torrefação e moagem do caroço — e criaram a bebida sustentável.
Da ideia ao negócio
As tentativas começaram em 2011, mas foi durante a pandemia, em 2020, que a ideia ganhou força. Com ajuda de amigos químicos, que analisaram o caroço, o resultado surpreendeu. “O caroço do açaí, possui tanino, antioxidantes, fibras, vitamina A e até 5% de proteína, tornando-se um alimento funcional com potencial para beneficiar à saúde”, diz Valda orgulhosa.
Porém, eles precisavam testar a bebida antes de iniciar a comercialização. Para isso, Valda tomou uma decisão ousada: virou motorista de aplicativo. Assim, oferecia o café aos passageiros e ajustava a fórmula com base no retorno.
Em poucos dias, um dos cliente encomendou 10 quilos do produto. “Aquilo me deu forças para acreditar ainda mais na ideia e seguir em frente”, relembra a CEO emocionada.


Foto: Fabiana Bertinelli | Canal Rural
Exportações e novos contratos
No entanto, muitos foram os desafios. Mas a primeira exportação eles não esquecem. Após uma missão empresarial à Alemanha, realizada com apoio do Sebrae/AP, Valda conquistou o primeiro contrato fora do país. “Ela voltou com contrato de exportação de meia tonelada do produto”, lembra Lázaro.
Atualmente, a produção é de 12 toneladas do produto, com 60% sendo distribuída no Brasil — principalmente nas regiões Norte e Nordeste — e os outros 40% destinados à exportação. Além dos grãos torrados, a startup produz o blend com café tradicional e cápsulas.
“A bebida já chegou aos Estados Unidos e Alemanha, e um novo contrato prevê o envio de 40 toneladas para os Emirados Árabes”, afirma Lázaro.
Para dar conta de tantos pedidos, o casal fez parceria com uma cooperativa amapaense. “Hoje, retiramos os resíduos com a Amazonbai, sem que eles tenham nenhum gasto e ainda oferecemos 10% dos produtos à comunidade com consultorias e mentorias.”
Mas foi com apoio do Sebrae, que o casal desenvolveu embalagens, estruturou o negócio, obteve validações técnicas e certificações.


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Sonhos de expansão e impacto positivo
Valda e Lázaro querem expandir ainda mais os produtos com o caroço do açaí amazônicos e aumentar a presença nacional e internacional. “O potencial da bioeconomia é imenso. Ainda queremos extrair óleo e extrato do caroço, entrar no mercado de cosméticos e ampliar a linha de alimentos”, afirma Lázaro.
“Acredito que o nosso papel como empreendedores é esse: olhar para o que ninguém vê, transformar problemas em soluções e gerar impacto positivo para as pessoas e para o meio ambiente”, finaliza Valda.
Porteira Aberta Empreender
Quer saber mais sobre a história do casal amapaense, Valda e Lázaro? Assista ao programa Porteira Aberta Empreender, uma parceria entre o Sebrae e o Canal Rural, nesta quinta-feira (17), às 17h45. O programa mostra histórias reais de micro e pequenos produtores de todo o país.
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