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Foto: Pixabay
O Senado aprovou nesta terça-feira (15) a criação de uma comissão temporária externa para atuar diplomaticamente junto ao Congresso norte-americano. O objetivo é estabelecer canais de diálogo para buscar uma solução para a decisão do presidente Donald Trump de adotar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
O grupo, formado por quatro senadores, viajará para Washington entre os dias 29 e 31 de julho e funcionará por 60 dias.
O requerimento para a criação da comissão (RQS 556/2025) foi apresentado pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Nelsinho Trad (PSD-MS).
Segundo Nelsinho, a ideia é construir uma “ponte de diálogo” com os Estados Unidos num momento em que os canais diplomáticos tradicionais enfrentam dificuldades.
Ele destacou que frigoríficos brasileiros estão avaliando se vão manter as exportações de carne bovina para os Estados Unidos. E apontou que outros setores também estão preocupados com a taxação, que está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.
— Empresário precisa de previsibilidade. A gente precisa equacionar esta situação. Vamos buscar esse entendimento, abrir esse diálogo e saber exatamente o que está acontecendo — disse o senador.
Mais cedo, a CRE debateu a crise tarifária com representantes do governo federal e do setor produtivo.
Nesta terça-feira (15), Peru, Jordânia e Hong Kong retiraram as restrições à exportação de carne de frango brasileira, após a conclusão do foco de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), a gripe aviária, registrado no município de Montenegro (RS).
Além disso, o Kuwait reduziu as restrições do estado do Rio Grande do Sul ao município de Montenegro (RS).
Dessa forma os três que retiraram as restrições passam a integrar a lista dos agora 30 países que não apresentam restrições de exportação. A lista inclui importantes parceiros comerciais do Brasil como os Emirados Árabes Unidos, África do Sul, Reino Unido e Argentina.
Outro importante parceiro comercial do Brasil no mercado de carne de frango, o Japão, ainda aplica restrições, mas apenas voltadas aos municípios de Montenegro (RS), Campinápolis (MT) e Santo Antônio da Barra (GO).
A China segue na lista de países que ainda aplicam a restrição total aos embarques da carne de frango brasileira. No ano passado, o país foi o principal destino da proteína, importando um volume de 562 mil toneladas.
Pecuaristas de todo o Brasil enfrentam um desafio constante no manejo sanitário: o controle eficaz das verminoses. Quer otimizar seu programa de vermifugação e proteger seu rebanho? Assista ao vídeo e veja as dicas do especialista!
E, segundo especialistas, um erro comum nas fazendas pode comprometer a saúde dos animais e causar prejuízos silenciosos: o uso repetido de vermífugos com o mesmo princípio ativo.
No programa Giro do Boi desta quarta-feira, 16 de julho, o médico-veterinário Lucas Borgmann, consultor da Vetoquinol Saúde Animal no Rio Grande do Sul, respondeu à dúvida do pecuarista Fábio Spegiorin, de Mirandópolis (SP).
Ele explicou que a rotação de princípios ativos é essencial para evitar que os parasitas se tornem resistentes aos medicamentos usados no rebanho.
Entenda os grupos de vermífugos e como alternar
Análise de fezes dos animais para identificação de vermes. Foto: Reprodução
De acordo com Borgmann, os vermífugos disponíveis no mercado brasileiro estão divididos em três grandes grupos de anti-helmínticos:
Imidazotiazóis (como o Levamisol)
Benzimidazóis (como o Albendazol)
Lactonas macrocíclicas (como Ivermectina, Doramectina, Moxidectina, Abamectina e Eprinomectina)
Alternar os produtos dentro do mesmo grupo não resolve. Por exemplo, usar Ivermectina e depois Doramectina não impede a resistência, pois ambos pertencem ao grupo das lactonas macrocíclicas. É preciso trocar de grupo para que o organismo do parasita não se adapte ao tratamento.
Recria: fase crítica exige atenção redobrada
Bovino em fase de recria no pasto. Foto: Reprodução
A fase de recria é a mais crítica no controle de vermes, pois os animais estão mais susceptíveis a infestações. Por isso, o especialista recomenda pelo menos quatro vermifugações por ano nessa categoria.
Uma das estratégias sugeridas por Borgmann é o modelo “três para um”:
Três manejos com moléculas do mesmo grupo (por exemplo, lactonas macrocíclicas)
O quarto manejo com produto de outro grupo (por exemplo, um imidazotiazol)
Essa rotação inteligente diminui a pressão de seleção sobre os parasitas, evitando a perda de eficácia dos medicamentos com o passar do tempo.
Planejamento sanitário faz toda a diferença
Peões durante vermifugação do gado. Foto: Reprodução
Um bom planejamento de vermifugação é peça-chave para manter a saúde e o desempenho do rebanho.
O uso incorreto de vermífugos pode até parecer eficiente no início, mas a longo prazo abre espaço para falhas no controle sanitário e impacto na produtividade.
Manter o rebanho saudável exige mais que aplicar medicamentos. É preciso inteligência no manejo, observação de sintomas, apoio técnico e, acima de tudo, estratégia.
Alternar os princípios ativos de vermífugos é uma prática simples, mas que pode evitar grandes prejuízos lá na frente.
A saúde do rebanho começa no manejo consciente. Evite a resistência, preserve a eficácia dos produtos e colha os resultados no campo.
Onze instituições e entidades beneficentes de Alegrete, Cruz Alta e São Gabriel, todas no Rio Grande do Sul, receberam 3,26 toneladas de carne bovina desossada nesta quarta-feira (16).
A doação foi feita por servidores agropecuários do estado em ação oriunda de abate sanitário com inspeção de 44 animais sem origem comprovada apreendidos durante atividade de fiscalização.
Seis entidades de Alegrete foram beneficiadas com 1.900 quilos de carne: três instituições de longa permanência para idosos, o Hospital da Santa Casa, a APAE e uma moradia transitória.
Em São Gabriel, três entidades receberam a doação de 960 quilos: a Santa Casa e duas instituições de longa permanência para idosos. O Hospital de Cruz Alta e uma instituição de longa permanência para idosos do município foram beneficiados com 400 quilos.
A apreensão dos animais foi realizada no dia 24 de junho, em propriedade rural do município de Quaraí. Esta etapa da ação e o carregamento dos bovinos teve apoio da Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab) de Alegrete.
A fiscal estadual agropecuária Camila Mario Brites, de Alegrete, ressalta a importância desta ação como medida de defesa sanitária que minimiza riscos e preserva a rastreabilidade e biosseguridade do rebanho.
“A apreensão e o abate sanitário destes animais, além de garantirem a sanidade do rebanho gaúcho, geram doações para entidades assistenciais e promovem a segurança alimentar de pessoas em situação de vulnerabilidade”, comenta o vice-presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do RS (Afagro), Giuliano Suzin.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, se reuniu com a diretoria da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) nesta quarta-feira (16) e anunciou um novo aporte de R$ 150 milhões do Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) para viabilizar a prorrogação de dívidas de crédito rural contratadas junto ao Banrisul e não contempladas pela recente resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN).
A medida tem como propósito garantir que produtores de municípios com decreto de emergência ou calamidade durante o período das enchentes de 2024 possam renegociar operações de crédito rural com vencimento em 2025.
O montante busca assegurar a retomada da atividade produtiva no campo, especialmente entre os agricultores familiares e os produtores de pequeno e médio porte.
“Estamos falando de um investimento público que busca dar fôlego aos produtores, proteger empregos e garantir a continuidade da produção. O estado está fazendo a sua parte para complementar as medidas federais e atender quem ficou de fora da cobertura original”, afirmou o governador.
Modelo de prorrogação
A projeção é de que o apoio viabilize a prorrogação de até R$ 3,04 bilhões em crédito rural, com manutenção dos juros contratuais e pagamento escalonado a partir de 2026.
O modelo foi desenvolvido em parceria com o Banrisul e inclui metodologia técnica para comprovação de perdas, com base em índices climáticos padronizados, dispensando a apresentação de laudos individuais.
Nesta terça-feira (15), Peru, Jordânia e Hong Kong retiraram as restrições à exportação de carne de frango brasileira, após a conclusão do foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), registrado no município de Montenegro (RS).
Além disso, o Kuwait reduziu as restrições do estado do Rio Grande do Sul ao município de Montenegro (RS).
A situação atual das restrições das exportações brasileiras de carne de aves é a seguinte:
Sem restrição de exportação: África do Sul, Argélia, Argentina, Bolívia, Bósnia e Herzegovina, Cuba, Egito, El Salvador, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Índia, Iraque, Jordânia, Hong Kong, Lesoto, Líbia, Marrocos, Mauritânia, México, Mianmar, Montenegro, Paraguai, Peru, República Dominicana, Reino Unido, Singapura, Sri Lanka, Uruguai, Vanuatu e Vietnã.
Suspensão total das exportações de carne de aves do Brasil: Albânia, Canadá, Chile, China, Macedônia do Norte, Malásia, Paquistão, Timor-Leste, União Europeia.
Suspensão restrita ao estado do Rio Grande do Sul: Angola, Arábia Saudita, Armênia, Bahrein, Bielorrússia, Cazaquistão, Coreia do Sul, Namíbia, Omã, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão, Turquia e Ucrânia.
Suspensão limitada ao município de Montenegro (RS): Catar e Kuwait
Suspensão limitada aos municípios de Montenegro, Campinápolis e Santo Antônio da Barra: Japão
Suspensão limitada à zona: Maurício, Nova Caledônia, São Cristóvão e Nevis, Suriname e Uzbequistão. O reconhecimento de zonas específicas é denominado regionalização, conforme previsto no Código Terrestre da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e no Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS) da Organização Mundial do Comércio (OMC).
A safra de trigo plantada em 2025 no Brasil será marcada por uma retração expressiva na área plantada, reflexo direto da perda de confiança do produtor diante de um cenário comercial e climático adverso. A estimativa mais recente aponta uma redução de 23,3%, com 2,259 milhões de hectares cultivados — 688 mil a menos que no ciclo anterior (2,947 milhões).
O movimento de retração é generalizado e atinge os principais polos produtivos. No Paraná, a queda na área chega a 25,7%; no Rio Grande do Sul, 22,7%; em Santa Catarina, 20%; Minas Gerais e São Paulo também apontam quedas superiores a 22%. Apenas a Bahia, onde predomina o cultivo irrigado, apresentou avanço, embora modesto (+4,2%) e sobre uma base ainda pequena.
A redução da área brasileira de trigo decorre de um conjunto de fatores. No campo, os impactos climáticos da temporada passada — com perdas severas em diversas regiões — e o excesso de chuvas no momento do plantio geraram atrasos e, em alguns casos, inviabilizaram o cultivo. A ocorrência de geadas no Paraná no ano passado, além de comprometer lavouras, acentuou o receio do produtor quanto à viabilidade da cultura.
Culturas de inverno concorrentes, como milho safrinha e sorgo, têm oferecido maior liquidez, menor risco e melhor retorno na composição da rentabilidade da propriedade — especialmente considerando os efeitos sobre a produtividade da soja em sucessão.
Em regiões onde não há concorrência com culturas de segunda safra, muitos produtores optaram por culturas de cobertura, visando aproveitar a melhor janela para o plantio da soja. Outros devem entrar com milho de verão, pensando em uma segunda safra de soja.
No plano econômico, o desestímulo é evidente. Os preços internos recuaram, os custos seguem elevados e as margens estão comprimidas. Mesmo com a baixa oferta no mercado interno, os moinhos encontram no trigo importado uma alternativa competitiva, favorecida por preços internacionais em queda e pela valorização recente do real. Muitos produtores, reticentes quanto à viabilidade do plantio, adiaram a decisão e, diante do achatamento das cotações, acabaram optando por não investir no cereal de inverno.
A falta de seguro rural acessível e efetivo agrava o problema. Em uma cultura marcada por riscos climáticos elevados — como geadas, excesso de chuvas e estiagens —, a ausência de mecanismos de proteção contra perdas limita o interesse tanto do produtor quanto do financiador. Sem cobertura adequada, o risco da operação recai integralmente sobre o produtor, o que reforça o comportamento defensivo diante das incertezas.
Soma-se a isso a dificuldade de acesso ao crédito e o impacto dos juros elevados. A restrição do crédito rural foi um dos principais limitadores da triticultura, especialmente para o cultivo de sequeiro (Sul e Sudeste), onde o financiamento é essencial para viabilizar uma cultura de risco climático elevado e retorno incerto.
Com margens cada vez mais pressionadas, o trigo exige planejamento técnico e financeiro rigoroso. O problema é que, após sucessivos choques climáticos e preços baixos, muitos produtores — especialmente os de pequeno e médio porte — encontram-se descapitalizados.
Sem caixa e com dificuldade de apresentar garantias, ficaram fora das linhas oficiais de crédito. A situação é ainda mais crítica no Rio Grande do Sul, onde as perdas com a soja na safra de verão comprometeram a capacidade de pagamento, restringindo ainda mais o acesso a novos recursos.
No mercado privado, as alternativas também encolheram. Com juros altos e aumento da inadimplência, bancos e tradings adotaram uma postura mais seletiva e conservadora. Para muitos produtores, isso significou a opção por reduzir a área plantada, abrir mão de tecnologia ou até abandonar temporariamente a cultura.
A produção nacional, já ajustada aos danos causados pelas intempéries climáticas (até o momento), está projetada em 7,105 milhões de toneladas, retração de 8,6% frente à safra anterior (7,77 milhões). A queda foi parcialmente compensada pelo ganho de produtividade média (+19,3%), estimada em 3.145 kg/ha, com destaque para estados que haviam sofrido perdas no ciclo anterior, como Minas Gerais (+62,6%) e Paraná (+52,6%).
Apesar disso, a oferta interna continuará limitada. O Rio Grande do Sul deverá colher 3 milhões de toneladas (queda de 24,1%) e o Paraná, 2,7 milhões (alta de 13,4%) — volume ainda insuficiente para abastecer os moinhos locais, cuja moagem gira em torno de 3,850 milhões de toneladas, o que obrigará o estado a buscar trigo em outras regiões ou no mercado externo.
Em síntese, a retração da área plantada com trigo em 2025/26 reflete um ciclo de desconfiança do produtor, desestímulo financeiro e riscos climáticos acumulados. Mesmo com ganhos de produtividade pontuais, a menor escala da safra compromete a segurança da oferta e mantém o país estruturalmente dependente das importações.
O mercado segue atento à evolução climática e à resposta do produtor diante de uma conjuntura que exige crédito acessível, proteção contra perdas e maior previsibilidade de receita para garantir o mínimo de estabilidade à triticultura brasileira.
Diante de tanta incerteza, o Cerrado brasileiro pode ser um bom exemplo, onde a indústria e o campo estão buscando uma aproximação para a viabilização da cultura. Ao produtor, o trigo é uma alternativa de renda. Aos moinhos, a garantia de produto de qualidade.
*Élcio Bento é especialista em trigo graduado em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Faz parte da divisão de especialistas de Safras & Mercado há mais de 20 anos
O Canal Rural não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos emitidos nos textos desta sessão, sendo os conteúdos de inteira responsabilidade de seus autores. A empresa se reserva o direito de fazer ajustes no texto para adequação às normas de publicação.
A escalada de tensão entre Brasil e Estados Unidos chegou a um novo patamar em julho de 2025. Em gesto inédito desde o retorno de Donald Trump à presidência americana, a Casa Branca anunciou, no dia 9, a intenção de impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros — uma retaliação política disfarçada de investigação comercial.
A justificativa formal da ação é a abertura, pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR), de uma investigação sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, alegando práticas brasileiras que supostamente dificultam o comércio digital, criam barreiras para o etanol americano, favorecem parceiros comerciais com tarifas preferenciais e impõem exigências ambientais e anticorrupção consideradas excessivas.
No pano de fundo, porém, está o incômodo de Trump com o julgamento de Bolsonaro no Brasil, que ele classificou como “perseguição ideológica”.
É evidente que a ofensiva americana não se sustenta tecnicamente. Trata-se de uma medida de fundo político, orientada pelo alinhamento de Trump com Jair Bolsonaro e por seu interesse eleitoral em reforçar sua base conservadora.
Em vez de priorizar o pragmatismo diplomático, o presidente dos EUA optou por adotar um tom beligerante, instrumentalizando o comércio internacional como forma de pressionar o governo brasileiro.
A resposta do Brasil, até o momento, foi firme e institucional. A possível convocação da embaixadora brasileira em Washington para consultas e a possibilidade de uso da Lei de Reciprocidade Econômica mostram que o governo Lula está disposto a reagir, sem histrionismo, mas com clareza.
No Congresso Nacional, uma rara convergência de lideranças partidárias, de diferentes matizes ideológicos, começou a se formar para defender o Brasil daquilo que já é visto como uma agressão comercial injusta. Nos bastidores, nomes influentes da política já articulam uma frente ampla, não em torno de Lula, mas em torno do Brasil.
Ataque no coração da economia brasileira
A investigação americana atinge em cheio setores cruciais da economia brasileira: agronegócio, biocombustíveis e tecnologia. Produtos como madeira, etanol, carne e insumos agrícolas estão entre os alvos mais ameaçados.
Empresas brasileiras que atuam com meios de pagamento digital, como o Pix, também podem ser afetadas, caso Washington imponha restrições técnicas ou tarifárias sobre plataformas e serviços considerados concorrentes.
É um ataque frontal ao carro-chefe das exportações brasileiras, em um momento já marcado por alta de juros, volatilidade de preços internacionais e eventos climáticos extremos que dificultam o planejamento e a rentabilidade do setor.
Lula ganha fôlego
Surpreendentemente, o episódio trouxe um efeito colateral positivo para o governo brasileiro. A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (16) mostra que a popularidade de Lula oscilou positivamente dentro da margem de erro, passando de 40% para 43% de avaliação positiva. A desaprovação caiu de 57% para 53%.
Analistas apontam que a firmeza do presidente frente à ameaça dos EUA reforçou a imagem de um líder disposto a defender os interesses do país. O discurso de soberania nacional voltou ao centro do debate político, e pode se consolidar como uma das âncoras da estratégia eleitoral de Lula rumo às eleições de 2026.
A movimentação simultânea no Legislativo indica que, mesmo em um cenário polarizado, o Brasil ainda é capaz de reagir com maturidade institucional diante de ameaças externas. A coesão entre Executivo e Congresso, mesmo que pontual, pode ser decisiva na contenção dos efeitos econômicos e diplomáticos da crise.
Ensinamento ao Brasil
O episódio deve servir de alerta ao Brasil: crescer como potência exportadora sem avançar em maturidade política e estratégica nos torna vulneráveis. É preciso investir em diplomacia econômica, fortalecer canais multilaterais e diversificar mercados.
Aceitar passivamente cotas ou sanções seria legitimar uma chantagem geopolítica. O Brasil precisa reagir com altivez, amparado em dados, em alianças internacionais e no compromisso com a previsibilidade dos acordos comerciais.
O futuro do agronegócio e da economia brasileira está em jogo, e será definido não apenas nos portos, mas nas mesas de negociação diplomática, nos bastidores do Congresso e nas urnas. O país precisa de serenidade, firmeza e inteligência estratégica para enfrentar mais essa turbulência.
*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural
O Canal Rural não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos emitidos nos textos desta sessão, sendo os conteúdos de inteira responsabilidade de seus autores. A empresa se reserva o direito de fazer ajustes no texto para adequação às normas de publicação.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, espera uma decisão rápida, ainda esta semana, do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o impasse entre o governo federal e o Legislativo sobre as medidas que aumentavam alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), em afirmação feita nessa terça-feira (15). Para Haddad, 90% do decreto do governo é incontroverso.
Ontem, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator do caso, promoveu audiência de conciliação, mas não houve acordo. Segundo Haddad, a questão pendente é sobre as operações sobre risco sacado, quando o fornecedor recebe do banco antecipadamente o valor que receberia do comprador.
“O ministro Alexandre está totalmente apropriado. Falou com os presidentes das duas casas [Câmara e Senado], falou comigo pessoalmente, depois falou comigo por telefone. Ele está bem apropriado da situação, tirou todas as dúvidas a respeito, tanto do ponto de vista econômico quanto do ponto de vista jurídico, formal”, disse Haddad.
“E eu tenho impressão que é uma decisão que sai rápido e muito convergente com as necessidades do país. Independentemente de um detalhe ou outro que possa ter ficado”, acrescentou o ministro em conversa com jornalistas, no Ministério da Fazenda.
Em maio, decreto elaborado pelo Ministério da Fazenda aumentou o IOF para operações de crédito, de seguros e de câmbio, com o objetivo de reforçar as receitas do governo e atender às metas do arcabouço fiscal. A estimativa é de R$ 12 bilhões em aumento de arrecadação. Segundo Haddad, a questão do risco, representa cerca de 10% desse volume.
“A Fazenda entende que o risco sacado é uma operação de crédito como outra qualquer. Quando você desonera o risco sacado de IOF, você está favorecendo a grande empresa em detrimento da pequena. A pequena paga. A operação é, geralmente, a mesma”, explicou.
A maioria dos parlamentares, entretanto, não concordou com a elevação das alíquotas e, em junho, derrubou o decreto presidencial. No início deste mês, a Advocacia-Geral da União (AGU), então, protocolou ação declaratória de constitucionalidade, e, após ser designado relator do caso na Corte, Alexandre de Moraes suspendeu todos os decretos sobre as mudanças na cobrança do imposto.
Segundo Haddad, não há mais conversas marcadas e as partes aguardam, agora, a decisão do ministro. “Eu entendo que, pelas discussões que nós fizemos sobre o que é controverso e que é incontroverso, nós vamos chegar numa boa solução. É a minha expectativa, pode ser que eu me frustre”, destacou.
A Embrapa Soja lançará oficialmente, no dia 23 de julho, a 5ª edição do Soja Open Innovation, um edital público voltado à seleção de startups e empresas de base tecnológica com propostas de soluções inovadoras e sustentáveis para o sistema de produção de soja no Brasil.
O anúncio será feito às 9h30, na Arena de Inovação, durante o Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja) e o Mercosoja 2025, que acontecem de 21 a 24 de julho, em Campinas (SP). Saiba o passo a passo aqui.
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Com foco em Bioinsumos, Agricultura Digital e Genética Avançada, a chamada pública busca atrair projetos capazes de transformar o processo produtivo da soja por meio da inovação aberta. “Buscamos parcerias, por meio de propostas que invistam em soluções sustentáveis e inovadoras e gerem valor para o sistema de produção de soja”, afirma Carina Rufino, chefe de Transferência de Tecnologias da Embrapa Soja.
Prazo para as startups
O prazo para envio das propostas de startups vai de 23 de julho a 16 de agosto de 2025. As selecionadas terão a oportunidade de avançar para contratos de cooperação técnica com a Embrapa Soja, contando com mentoria especializada durante o desenvolvimento dos projetos. O anúncio das propostas escolhidas será em 27 de agosto, e a previsão é que as atividades comecem em 6 de setembro.
Desde a primeira edição do Soja Open Innovation, 63 propostas já foram selecionadas para desenvolvimento conjunto com a Embrapa. Mais informações e o edital completo estão disponíveis em: www.embrapa.br/soja/open-innovation.
CBSoja e Mercosoja 2025
A quinta edição do Soja Open Innovation será um dos destaques da programação do CBSoja e Mercosoja 2025, que marcam também os 50 anos da Embrapa Soja. O tema central do evento será: “100 anos de soja no Brasil: pilares para o amanhã”. Com expectativa de reunir cerca de 2 mil participantes, o congresso é considerado o maior fórum técnico-científico da cadeia da soja na América do Sul.
A programação técnica inclui 4 conferências, 15 painéis e mais de 50 palestras com especialistas do Brasil e do exterior. Entre as novidades está o espaço Mãos à Obra, dedicado a debates práticos sobre cinco grandes temas: fertilidade do solo e adubação, manejo de nematoides, controle de plantas daninhas, bioinsumos e impedimentos ao desenvolvimento radicular.
Além disso, foram aprovados 328 trabalhos técnico-científicos para a sessão pôster. Outro destaque será o workshop internacional Soybean2035, com o tema “A decadal vision for soybean biotechnology”, que contará com palestrantes da China, Estados Unidos, Canadá e Brasil, discutindo os próximos 10 anos da biotecnologia voltada à soja.