Impasse sobre tarifaço entre Brasil e EUA pode favorecer setor de carnes da Argentina, avalia Rosgan
A taxação de 50% dos produtos brasileiros pelos EUA pode beneficiar o setor de carnes da Argentina, diz relatório da Rosgan, mercado de gado da Bolsa de Rosário.
Segundo a Rosgan, uma possível disrupção comercial entre Brasil e Estados Unidos geraria um vácuo nesse mercado. Isso poderia representar, por um lado, uma oportunidade para que a Argentina coloque parte de sua produção; mas, por outro lado, também uma ameaça em relação a outros destinos, dada a agressividade com que o Brasil provavelmente buscará realocar seus excedentes no restante do ano, indicou o relatório.
Se forem confirmadas as negociações de um acordo tarifário diferenciado com o governo
argentino por ora, apenas rumores, a possibilidade de conquistar uma maior participação na cota de exportação para o mercado norte-americano permitiria aumentar substancialmente o valor por tonelada exportada, em comparação com o que atualmente é pago pela China, segundo o relatório.
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De acordo com essas informações, com exceção do aço e do alumínio, que manteriam uma tarifa de 50%, a Argentina poderia obter tarifa zero para cerca de 80% de seus produtos exportáveis aos Estados Unidos, incluindo a carne bovina. No entanto, paralelamente, também está sendo considerada uma possível ampliação do contingente de 20.000 toneladas de carne bovina que atualmente entram nesse mercado com tarifa zero, disseram fontes do Rosgan.
Exportação de carnes brasileiras para os EUA pode se tornar inviável
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, disse na terça-feira (15) durante coletiva de imprensa realizada após reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin e porta-vozes de entidades representativas do agronegócio que os frigoríficos brasileiros estão parando de produzir carne destinada aos norte-americanos, visto que os embarques do setor ao país já são taxados em 36% e uma sobretaxa de 50% tornaria as negociações entre os dois países inviável.
“Cerca de 30 mil toneladas de carne brasileira já estão no porto ou já nas águas em direção aos Estados Unidos, o que representa um total de 150 milhões de dólares a caminho dos Estados Unidos. Estamos negociando com os importadores de lá. Nossa sugestão inicial é de possível prorrogação da taxação porque existem contratos em andamento e não dá tempo de desfazê-los até o dia 1 de agosto [data em que a tarifa começa a valer].”