Distribuição de insumos enfrenta reestruturação
Empresas tradicionais estão reduzindo operações
Agrolink
– Leonardo Gottems
Empresas tradicionais estão reduzindo operações – Foto: inpEV
A cadeia de distribuição de insumos agrícolas passa por uma transformação sem precedentes, marcada por rupturas profundas e desafios sistêmicos que colocam em xeque modelos antes considerados inabaláveis. Segundo Jorge Dias, diretor da Agrofito Insumos Agrícolas, o setor vive uma reviravolta agressiva, rápida e imprevisível, em que os antigos mapas estratégicos já não oferecem mais orientação válida.
Empresas tradicionais estão reduzindo operações, mudando radicalmente seus modelos ou deixando o mercado. Os produtores, por sua vez, enfrentam um ambiente de crescente desconfiança e crédito cada vez mais escasso, caro e lento. A inadimplência disparou, e muitos distribuidores lidam com passivos acumulados de safras anteriores. Além disso, o mercado de capitais tem fechado portas para investimentos, enquanto exportações são sufocadas por taxações externas e barreiras impostas pelos Estados Unidos. Os conflitos geopolíticos ainda elevam custos logísticos e dificultam o planejamento estratégico.
Mesmo diante desse cenário caótico, as metas continuam sendo exigidas, as margens estão cada vez mais comprimidas e a confiança do setor foi severamente abalada. “Não se trata de mais um ciclo de baixa, mas de uma reorganização estrutural”, afirma Dias. O diretor alerta que quem insiste em operar com as mesmas regras de 2018 está condenado a ser atropelado pela nova realidade.
O caminho, segundo ele, não passa por soluções prontas ou promessas tecnológicas ilusórias, mas sim por inteligência estratégica, escuta ativa do campo e coragem para romper com práticas que já não fazem sentido. É um momento de reconstrução coerente — não de improviso —, sob o risco de ver grandes histórias empresariais se tornarem apenas rodapés nos livros do agronegócio.