Brasil terá alta de 3% nas exportações de açúcar em 2025/26
 
No início de outubro o adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no Brasil antecipou os dados de oferta e demanda de açúcar aqui no país, que serão publicados apenas no dia 20 de novembro pela entidade em sua segunda atualização semestral de 2025. Com isso, o mercado de açúcar contou com uma importante atualização de dados de um dos principais players internacionais.
Nesse contexto, a Safras & Mercado alerta para o elevado tom de baixa que esta segunda estimativa do ano exerceu sobre o mercado. Isso porque os fundamentos trazem um cenário de maior produção, menor demanda interna e maiores exportações. Não é à toa que a primeira quinzena de outubro está sendo marcada pela retomada da tendência de baixa de médio prazo pelo atual driver março/25 em Nova York, que até mesmo perdeu a mínima dos US$ 16 cents.
A segunda estimativa do ano tem por destaque a alta nas exportações esperada para a temporada corrente 2025/26 que será de 3% em relação a safra anterior (35,7 milhões contra 34,5 milhões de toneladas). Apesar disso, a Safras & Mercado pontua que frente à primeira estimativa do ano, o USDA fez um leve corte de 100 mil toneladas, ou queda de apenas 0,28%, frente às 35,8 milhões de toneladas que inicialmente esperava de exportações.
Porém alertamos que o corte de 100 mil toneladas da primeira para a segunda estimativa do ano nenhum impacto de alta gerou nos preços do mercado, visto que o comparativo frente à safra passada foi elevado em 1,2 milhão de toneladas, sendo este o número mais impactante dos dados atuais do USDA para o Brasil, na visão da Safras & Mercado. Outros pontos vêm reforçar essa leitura, como é o caso da produção e da demanda interna.
Isso porque a produção deverá ter uma alta de 0,88% frente à safra anterior, com um acréscimo de 386 mil toneladas, com os volumes saindo de 44,00 para 44,38 milhões de toneladas. Esse é mais um vetor de baixa sobre os preços em Nova York porque os agentes internacionais têm observado mais o comparativo frente à safra passada do que o comparativo frente ao primeiro reporte deste ano, de maio, publicado pelo USDA.
Até porque, sob essa ótica, o ajuste é de baixa em quase igual proporção, com um corte de 314 mil toneladas, ou -0,7%, com a estimativa saindo de 44,70 para 44,38 milhões de toneladas. Outro ponto que reforça a pressão de baixa sobre os preços internacionais é a questão da demanda interna, que deverá ter uma queda de 5,26% frente ao ano anterior, com um corte de 500 mil toneladas, com o consumo recuando de 9,5 para 9 milhões de toneladas.
Um ponto interessante aqui é que houve um ajuste de alta em relação ao primeiro levantamento do ano, na faixa de 100 mil toneladas, ou +1,12%, com os volumes saindo de 8,9 para os atuais 9 milhões de toneladas. Mais uma vez, a Safras & Mercado alerta que os agentes internacionais têm focado mais no comparativo com a safra passada do que com o do primeiro reporte deste ano.
E, sob essa ótica, a influência é de baixa sobre os preços em Nova York. Isso porque quanto menor for a demanda interna no Brasil, maior é o excedente exportável e maior a disponibilidade de oferta do açúcar brasileiro no mercado internacional, o qual já conta com um superávit em alta de 114% entre a temporada atual 2025/26 e a anterior 2024/25, saindo de 5,3 para 11,3 milhões de toneladas (dados ainda do primeiro reporte de maio deste ano).
Além disso a Safras & Mercado alerta que os dados de demanda interna estimados em maio deste ano pelo USDA, em 8,9 milhões de toneladas, se mostraram excessivamente abaixo de todos os padrões históricos de comparação dos últimos 20 anos. A marca dos 9 milhões de toneladas em si é considerada muito baixa, distante do ponto de referência de 10 milhões de toneladas que tem balizado o comportamento da demanda interna nos últimos 5 anos, o que tem gerado um forte impacto negativo sobre os preços do açúcar cristal ao longo de 2025.
Porém, a partir de outubro, a leitura que a Safras & Mercado faz é que esse ajuste de alta na projeção do USDA entre o primeiro e o segundo reporte do ano mostrará que a situação não é tão grave assim. Isso, junto com o aumento sazonal da demanda interna que ocorre a cada final de ano, poderá levar a uma recuperação dos preços do cristal no físico.

*Maurício Muruci é especialista em açúcar, etanol e biodiesel da Safras & Mercado, com mais de 15 anos de experiência em análises econômicas e consultoria para mercados agrícolas
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