sábado, outubro 25, 2025
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Halloween, festa da colheita que virou tradição mundial


Poucos sabem, mas o Halloween tem mais a ver com o campo do que com fantasmas. Antes das bruxas e das abóboras iluminadas, existia o Samhain, festival celta que marcava o fim da colheita e o início do inverno. Era um tempo de transição: as colheitas se encerravam, o gado voltava dos pastos e o povo agradecia à terra pelos frutos do ano, pedindo proteção para o frio que se aproximava.

As fogueiras acesas nas colinas simbolizavam a renovação do ciclo e a purificação da comunidade. Com a chegada da noite mais longa do ano, acreditava-se que o véu entre o mundo dos vivos e dos mortos se tornava mais fino, e daí nasceu a tradição de acender luzes para afastar os maus espíritos.

Séculos depois, quando o festival atravessou o Atlântico com os colonos europeus, os antigos nabos esculpidos se transformaram em abóboras, fruto abundante nas fazendas norte-americanas. A “Jack O’Lantern” (abóbora esculpida), hoje símbolo mundial do Halloween, é uma herança direta do campo.

O milho, o espantalho e até o costume de oferecer “doces ou travessuras” têm origem agrícola. Nos vilarejos medievais, camponeses pediam bolos e alimentos em troca de orações pelos mortos, uma forma de redistribuir o que sobrava da colheita.

O que era um ritual de gratidão e sobrevivência virou espetáculo urbano, mas a essência permanece: o Halloween celebra o fim de um ciclo de produção e o começo de outro. É o momento em que o homem olha para o que a terra deu, se despede do verão e se prepara para o inverno.

No Brasil, mesmo que a festa tenha outro significado, ela guarda uma lição importante para o agro: tudo nasce, floresce e morre num ciclo que depende do trabalho humano e da generosidade da terra. Por trás de cada abóbora decorada, há uma história ancestral de quem planta, colhe e agradece.

Miguel Daoud

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural


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