Operação desmantela rede de desvio e fraude em cargas de fertilizantes

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) prendeu sete pessoas suspeitas de participação em uma organização criminosa especializada no desvio e na adulteração de fertilizantes. A operação foi realizada na manhã desta quinta-feira (23) de forma simultânea em Curitiba, Wenceslau Braz e Cascavel, no Paraná, e em Miracatu, em São Paulo.
Os policiais civis cumpriram sete mandados de prisão, incluindo a de um empresário, capturado no interior de São Paulo pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Além disso, foram executadas nove ordens de busca e apreensão e oito bloqueios de contas bancárias.
A operação teve como objetivo desarticular um esquema que causava prejuízos aos produtores rurais e impactava diretamente a produtividade agrícola.
Início da investigação
As investigações tiveram início em novembro de 2024, quando a PCPR prendeu cinco pessoas em flagrante em um barracão clandestino localizado em Araucária, Curitiba. Na ocasião, os policiais flagraram a adulteração de uma carga de fertilizantes que havia sido desviada pelo motorista do caminhão.
Durante a abordagem, o dono do local tentou subornar os policiais oferecendo o valor de R$ 150 mil e foi autuado em flagrante pelo crime de corrupção ativa.
Os demais envolvidos na adulteração foram presos por associação criminosa e receptação qualificada. Um deles admitiu que parte da carga original já havia sido desviada, enquanto outra parte seria transportada com nota fiscal adulterada.
Adulterações de cargas de fertilizantes
A investigação apurou que, no barracão de Araucária, foram realizadas entre 20 e 30 adulterações de cargas de fertilizantes agrícolas.
“Apuramos que o grupo chegou a fazer alterações de duas a três cargas em um único dia. Cada uma delas custa em torno de R$ 200 mil, fazendo com que, em um período de um a dois meses, a movimentação financeira estimada seja de R$ 4 milhões”, destaca o delegado da Polícia civil do Paraná, André Feltes.
O material era enviado para cidades do interior do Paraná e para outros estados do país. Para encobrir a atividade, os suspeitos simulavam que uma empresa legal funcionava no local, com maquinário e funcionários contratados.
A prática consistia em misturar calcário e cálcio tingidos com corantes, de modo a imitar a cor do fertilizante. Estima-se que o produto adulterado mantivesse apenas 5% da eficácia do original, prejudicando a produtividade das lavouras.
Comércio ilegal
A investigação também identificou a empresa que recebia as cargas e as comercializava como se tivessem origem legal.
Com sede em Piraquara, Curitiba, a empresa possui filiais em São Paulo e Santa Catarina. O proprietário era o responsável por negociar com o dono do barracão clandestino em Araucária, enviando pagamentos antecipados para que ele recrutasse caminhoneiros e desviasse as cargas.
Além do responsável pelas notas frias e dos dois proprietários, a polícia prendeu um caminhoneiro, um funcionário da empresa em Piraquara e um coordenador das operações de adulteração dos fertilizantes.

