Brasil pode liderar nova revolução energética
O petróleo foi o combustível do século 20. Agora, o motor do futuro será movido por metais invisíveis ao olhar comum, mas essenciais à nova economia mundial: os chamados metais das terras raras. Eles estão presentes em praticamente tudo que envolve tecnologia limpa e digital, de turbinas eólicas a carros elétricos, passando por baterias, painéis solares e até mísseis e satélites.
Mas a chave para essa nova era não é só o mineral. É também a fonte de energia.
E é aqui que entra a transição energética, liderada por fontes renováveis como o sol, o vento, a biomassa e o hidrogênio verde.
O que poucos se dão conta é que o Brasil é um dos únicos países do mundo com potencial real de dominar essas duas frentes ao mesmo tempo.
O que o Brasil tem?
- Reservas importantes de terras raras, ainda pouco exploradas, principalmente no Norte e Nordeste.
- Uma matriz energética limpa, com mais de 80% da eletricidade vinda de fontes renováveis.
- Capacidade agrícola e biomassa, que o posicionam para liderar a produção de hidrogênio verde.
- Tecnologia, mão de obra e base industrial que podem ser ativadas com estímulo e coordenação.
Ou seja: o Brasil pode ser fornecedor, desenvolvedor e consumidor das soluções do futuro.
Países como China, EUA e União Europeia já entenderam essa lógica. A disputa geopolítica pelas terras raras está em curso, com governos investindo bilhões para garantir cadeias de suprimento seguras. Ao mesmo tempo, a corrida por energia limpa acelera com metas climáticas ambiciosas até 2030 e 2050.
Se o Brasil seguir apenas exportando minério bruto, ficará preso à velha lógica colonial: fornecendo insumo barato e comprando a tecnologia cara.
Mas se assumir seu papel como potência mineral e energética, pode se tornar protagonista global — com autonomia, soberania e valor agregado.
O que falta?
- Um plano nacional de terras raras, com foco em pesquisa, beneficiamento e agregação de valor.
- Parcerias público-privadas para integrar ciência, indústria e setor energético.
- Uma estratégia de segurança energética e soberania tecnológica.
- E, acima de tudo, visão de longo prazo e vontade política.
O mundo caminha para uma economia de baixo carbono e alta tecnologia. Os pilares dessa nova era são claros: metais estratégicos e energia limpa. O Brasil é um dos poucos países com as duas chaves nas mãos.
A pergunta que fica é simples, mas poderosa: vamos entregar essas chaves ou usá-las para abrir o nosso próprio futuro?

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural
O Canal Rural não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos emitidos nos textos desta sessão, sendo os conteúdos de inteira responsabilidade de seus autores. A empresa se reserva o direito de fazer ajustes no texto para adequação às normas de publicação.