Soja brasileira lidera certificação RTRS e ganha espaço no mercado internacional
Com mais de 6 milhões de toneladas certificadas apenas em 2024, o Brasil se consolida como líder mundial da soja certificada RTRS, uma chancela internacional que atesta práticas agrícolas responsáveis, respeito ao meio ambiente e uso sustentável dos recursos naturais. O selo, criado há 15 anos pela Mesa Redonda da Soja Responsável, é hoje a principal referência global para a produção de soja com desmatamento e conversão zero.
Em entrevista ao programa Planeta Campo, Luiza Bruscato, diretora global da RTRS, destacou o protagonismo brasileiro no cenário internacional e os avanços na sustentabilidade da produção. “O Brasil é o maior produtor de soja do mundo e enfrenta grandes desafios com o desmatamento. Mas esse desafio se transforma em oportunidade para os produtores que já estão adequados às boas práticas e podem ser recompensados por isso”, afirmou.
Certificação abre portas para mercados exigentes
Atualmente, o Brasil conta com mais de 350 fazendas certificadas, principalmente nos estados de Mato Grosso, Goiás e região do Matopiba. Além disso, há 37 empresas e 40 portos certificados, garantindo que toda a cadeia de custódia — do campo ao porto — esteja em conformidade com os critérios da RTRS.
“Além da produção em si, a certificação garante rastreabilidade e conformidade ao longo de toda a cadeia, o que é fundamental frente à nova Lei de Desmatamento da União Europeia”, explica Bruscato. Em 2024, a RTRS desenvolveu um módulo específico para atender às exigências da legislação europeia, garantindo acesso ao mercado europeu a partir de dezembro deste ano.
Agricultura regenerativa entra no radar da RTRS
Uma das novidades para 2025 é a adoção de práticas de agricultura regenerativa em fazendas-piloto no Mato Grosso. O projeto envolve cerca de 15 mil hectares e visa premiar ainda mais os produtores que vão além da sustentabilidade convencional. “Vamos trabalhar com indicadores de emissões e balanço de carbono, algo essencial para atender aos compromissos de descarbonização assumidos por empresas globais”, explicou Luiza.
Essa expansão para práticas regenerativas demonstra como o selo RTRS está evoluindo e se adaptando às novas demandas globais, incluindo os mercados que exigem metas climáticas rigorosas.
Pagamento por serviços ambientais valoriza o produtor
Segundo Luiza Bruscato, a certificação RTRS também representa uma forma de pagamento por serviços ambientais. “As grandes marcas — europeias e brasileiras — compram a soja certificada não apenas para cumprir legislações, mas como parte de suas próprias políticas de sustentabilidade. Isso gera valor direto para o produtor rural”, destaca.
O modelo garante valorização da produção, acesso a mercados premium e oportunidades comerciais mais vantajosas. “O produtor brasileiro já entendeu que a certificação é sinônimo de acesso, reconhecimento e premiação pelas boas práticas no campo”, completa a diretora.
Conferência internacional vai reunir elos da cadeia da soja
Para aprofundar a discussão sobre os rumos da soja responsável, a RTRS realiza sua conferência internacional no dia 17 de setembro, no Expo Center Norte, em São Paulo, durante o evento Victam. A programação vai reunir produtores, indústrias, tradings, instituições financeiras e ONGs para debater o futuro da soja certificada e suas conexões com o mercado global.
“Estamos em um momento de transformação. A certificação RTRS não é apenas um selo, mas uma ferramenta concreta para garantir sustentabilidade e competitividade ao agronegócio brasileiro”, concluiu Bruscato.