Agricultores do mundo reunidos farão mais pelo mundo do que as vãs filosofias
Na visita do presidente Lula a França, numa entrevista ao lado do presidente Macron, este disse que precisava proteger seus agricultores para que pudessem competir em condições de igualdade nas exigências ambientais, florestais e uso de insumos.
E o presidente Lula disse que as nossas agriculturas Brasil e França não são adversárias e, sim, complementares. Mas uma das suas frases passou despercebida. “En passant”, disse: “Que os agricultores da França conversem com os do Brasil”.
Excelente. Não sei se saiu sem querer, mas aí está o ponto ótimo para este nosso comentário. Sim, sem dúvida, se os agricultores unidos tratarem de segurança alimentar, ambiental, social trazendo também suas cooperativas, sem dúvida o nível da conversa seria elevada, pois não temos um problema de competição entre os agricultores dos países, dentro deles e do mundo.
Temos, sim, desafios gigantescos de segurança alimentar para todos os povos de todas as nações, agora o alimento integrado a energia, isso com aspectos comprovados de segurança ambiental, climática, resgate de carbono, metano e de prosperidade social e econômica, com os agricultores no centro das mesas das cadeias produtivas, com os seus milhões de terroirs.
Cerca de 43% da população mundial vive em áreas rurais, e a outra parte vive em áreas urbanas dependente do que faremos no mundo com as áreas verdes e também azuis da economia do mar, as algas. por exemplo, além de como transformar as estruturas urbanas em ambientes verdes, e a mobilidade limpa.
Tem muita “filosofia” envolvendo os agricultores do mundo, e a grande maioria carregada de ideologias egologias, a imensa maioria vãs, polarizações dividindo o mundo. Palavra vã, nos fazendo lembrar do personagem Hamlet de William Shakespeare: “há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”.
Existe a World Farmers Organisation (WFO), uma organização mundial que tem por missão reunir todos os agricultores do mundo, de todos os lugares, tamanho e com toda a sua diversidade. A sede fica em Roma e tem como missão superior “segurança alimentar com os agricultores tendo um papel vital. Os agricultores com experiências de soluções práticas trazem segurança dos alimentos, protegem pessoas e o planeta e asseguram meios de subsistência”.
De fato, num mundo dividido e polarizado, com políticos usando os agricultores como estratégia de votos, além das múltiplas vãs filosofias impulsionadas pelas redes sociais do planeta onde já temos mais celulares do que habitantes, o presidente Lula, sem querer ou não acertou: “Que os agricultores conversem entre si, franceses e brasileiros e, sem dúvida, podemos acrescentar do mundo inteiro”.
Esta visão: “agricultores do mundo reunidos farão mais pelo mundo do que as vãs filosofias, com ou sem Hamlet, Shakespeare”, mas como o prof. dr. Ray Goldberg de Harvard, criador do conceito de agribusiness nos anos 1950, me disse numa recente entrevista: “A missão mais importante dos líderes do sistema agroalimentar é reunir o mundo num só, ele está dividido e polarizado, e o alimento tem a condição de nos unir a todos”.
A World Farmers Organisation tem a brasileira Mariana Aragão pesquisadora da Embrapa e também agora com a adesão da CNA. Em novembro haverá um Summit em São Paulo da organização mundial dos agricultores, pré COP30.
Ótimo momento para colocar os agricultores do mundo resolvendo entre si as questões competitivas, pois, sem dúvida, serão estupidamente mais coooperativas do que uns contra os outros.
Agricultores do mundo com agricultores do mundo se entenderão muito melhor. WFO existe!

*José Luiz Tejon é jornalista e publicitário, doutor em Educação pela Universidad de La Empresa/Uruguai e mestre em Educação Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie.
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