terça-feira, outubro 28, 2025

Autor: Redação

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La Niña provoca desequilíbrio climático e impõe desafios à safra de soja no Brasil



O mercado global de soja encerrou a última semana em compasso de cautela, influenciado pela volatilidade cambial e pela ausência de novas informações sobre o comércio entre Estados Unidos e China.

No Brasil, o La Niña gera efeitos climáticos desiguais. Segundo a plataforma Grão Direto, o fenômeno impacta no desenvolvimento das lavouras e acentua as disparidades regionais, com o plantio avançando bem no Centro-Oeste, enquanto no Sudeste o ritmo é mais lento e concentrado em áreas irrigadas.

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Soja no cenário internacional

No cenário internacional, o fortalecimento do dólar norte-americano refletiu a busca por ativos de segurança diante das tensões políticas na Europa e na Ásia. A revisão positiva do PIB dos Estados Unidos reforçou a percepção de uma economia ainda aquecida, reduzindo as apostas em cortes mais agressivos de juros pelo Federal Reserve, ainda que dois cortes de 25 pontos-base até o fim do ano sigam precificados.

Em Chicago, o mercado trabalhou de lado, limitado pela paralisação do governo americano (shutdown), que suspendeu a divulgação de dados agrícolas, e pela expectativa de um possível acordo comercial entre Washington e Pequim.

O contrato de soja para agosto de 2025 encerrou a US$ 9,67 por bushel, alta de 0,52% na semana, enquanto o contrato para março de 2026 recuou 0,10%, cotado a US$ 10,22 por bushel. No Brasil, a moeda norte-americana caiu 1,98%, fechando a R$ 5,44, o que manteve os preços físicos da soja praticamente estáveis, sustentados por prêmios portuários elevados.

La Niña

O fenômeno climático La Niña segue como fator fundamental para a safra 2025/26, com impacto desigual nas regiões agrícolas brasileiras. O Sul deve enfrentar chuvas abaixo da média e ondas de calor, enquanto o Norte e o Nordeste devem registrar precipitações acima do normal, beneficiando o Matopiba. No Centro-Oeste, as condições seguem favoráveis, ao passo que o Sudeste enfrenta risco de veranicos e estresse hídrico.

Em termos gerais, a perspectiva é de um La Niña fraco, com menor risco climático agregado, mas forte variação regional. Nesse contexto, a eficiência no calendário de plantio e o uso de estratégias de mitigação serão determinantes para preservar a produtividade da soja e do milho nas próximas semanas.

EUA-China

As atenções agora se voltam às reuniões comerciais entre EUA e China, que devem ocorrer na Malásia no fim de semana e podem trazer volatilidade ao mercado. Sem confirmação de novas compras chinesas, os fundos reduziram posições compradas. Historicamente, o período entre outubro e novembro tende a ser de correção, em nove dos últimos quinze anos, os preços recuaram no intervalo.



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Venda de produtos com valor agregado para a China é oportunidade para o Brasil



O presidente Donald Trump disse nesta segunda-feira (27) que Estados Unidos e China devem sacramentar um acordo comercial em breve. A declaração do presidente norte-americano ocorre dias antes do encontro com o líder chinês, Xi Jinping, previsto o final desta semana.

Em entrevista a repórteres antes de embarcar para o Japão, onde a reunião deve ocorrer, Trump afirmou que tem muito respeito pelo presidente da China. “Acho que chegaremos a um acordo”, disse.

Em meio a isso, Brasil e China também vivem um momento de maior aproximação, principalmente na área comercial. Neste sentido, o mercado brasileiro pode encontrar mais uma oportunidade: a venda de produtos de valor agregado para o gigante asiático. Essa é a avaliação de Vitor Moura, diretor de marketing da Câmara Brasil-China.

China e o consumo em expansão

Apesar da China ser o maior parceiro comercial do Brasil há mais de uma década, o envio de produtos brasileiros de maior valor agregado para o mercado chinês ainda é pouco explorado. Para o Moura, as oportunidades têm a ver com o crescimento da classe média chinesa e seu potencial de consumo.

“Essa classe média chinesa tem capital, condições e canais para consumir produtos de maior qualidade e, acima de tudo, o desejo de fazê-lo. Esses consumidores apresentam demandas que o Brasil poderia atender se investir nos produtos certos”, afirma.

De acordo com o especialista, produtos exclusivamente brasileiros tem potencial de ‘abrir o apetite’ chinês. É o caso de derivados do açaí, jabuticaba, castanha-do-Pará e pescados da região amazônica. “Tudo que seja exclusivo do Brasil pode ter valor agregado e abrir o mercado para a China”, diz.

Desafios no meio do caminho

Apesar do cenário de oportunidades, o Brasil precisa fortalecer a sua marca no exterior. Segundo Moura, esse é o maior desafio atualmente.

“O consumidor chinês tem características próprias, preferências de embalagem e sabor, exigindo adaptações na produção. Não adianta apenas replicar o que já se faz no Brasil”, afirma. Para isso, o especialista aponta dois passos essenciais: mudar a mentalidade e o trabalho conjunto entre empresários, governo e corpos diplomáticos.

Outros desafios citados por Moura passam pela exigência de investimento inicial e de regulações rígidas. “O mercado chinês é muito competitivo, exigindo capital no início. Além disso, a China tem exigências cada vez maiores na importação de alimentos, especialmente proteínas”, alerta.



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‘Chuvas estão irregulares e insuficientes neste ano’, aponta presidente da Aprosoja MT



Mesmo com avanços pontuais em determinadas regiões, o andamento da safra 2025/26 de soja em Mato Grosso tem preocupado produtores. O estado enfrenta déficit hídrico, temperaturas acima da média e chuvas mal distribuídas, fatores que comprometem a germinação e o desenvolvimento inicial das lavouras. O cenário também acende o alerta para o milho de segunda safra, que pode ter a janela de plantio encurtada caso as condições climáticas adversas persistam.

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O presidente da Aprosoja MT, Lucas Costa Beber, afirma que a falta de regularidade das chuvas tem levado produtores de diferentes regiões a interromper o plantio. “As precipitações estão muito irregulares e insuficientes. Em municípios como Sorriso, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Colíder e Campo Verde, as lavouras estão travadas e o solo sem umidade. Em outros anos, a chuva até atrasava, mas depois firmava e, agora, vem de forma isolada e logo cessa. Parte da soja germinada apresenta estande desuniforme”, diz.

Preocupação além da soja

Segundo Lucas, a preocupação não se limita à soja, mas também ao milho de segunda safra, que depende de um plantio dentro da janela ideal para garantir produtividade.
“A partir de agora, cada dia perdido representa perda potencial na produção de milho. Além disso, a soja plantada mais tarde tende a sofrer maior pressão de pragas, como a mosca-branca, o que também impacta o rendimento final.”

Ele reforça que, mesmo nas regiões mais adiantadas, as lavouras sofrem com estresse hídrico e temperaturas elevadas. “Mesmo em municípios como Sorriso, que na semana passada já tinha cerca de 85% da área plantada, as plantas estão sofrendo estresse hídrico e apresentando porte menor. Isso reduz a área foliar e pode comprometer a produtividade”, explica.

Ele complementa que, em alguns pontos, houve necessidade de replantio, ainda que de forma pontual. ”É importante lembrar que o custo médio de implantação de uma lavoura gira em torno de 10 sacas por hectare, e qualquer replantio representa prejuízo direto, além de encurtar ainda mais a janela do milho safrinha”, pontua.

Outros desafios na safra 25/26 de soja

Além das condições climáticas adversas, os produtores enfrentam custos de produção elevados e restrições no acesso ao crédito, o que aumenta a pressão neste início de safra. O setor acompanha com preocupação o avanço do plantio e o comportamento climático nas diferentes regiões do estado.



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10º Congresso Nacional das Mulheres Agro, sucesso mundial!


Terminamos o 10º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), um evento grandioso, reunindo as mulheres do país inteiro. É considerado um dos maiores do mundo e também, ao final dele, produzimos uma carta para a COP-30 que será levada em nome das mulheres.

Na abertura teve um evento extraordinário com a senadora e ex-ministra Tereza Cristina e o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Personalidades passaram pelo evento, muitos temas foram abordados, inclusive Direito Agrário, tudo isso aconteceu nesse congresso cujo tema central foi “Mulheres que mudam o mundo para melhor”.

Trago um exemplo importante de uma cadeia produtiva que considero a mais exigente sob o ponto de vista de cuidado, de nutrição, de bem-estar animal e que envolve mais de 1 milhão de produtores no país. Conversei com Bárbara Solero, gerente-executiva de Agricultura Regenerativa da Nestlé, que é a maior companhia de alimentos do mundo e de leite do planeta e tem uma novidade que foi lançada nesse congresso.

“A Nestlé vem de uma jornada de assumir o compromisso global da descarbonização das cadeias. O que trazemos de novidade para essa cadeia pulverizada e talvez muito informal, com pequenos e médios produtores e com muita dificuldade as vezes de acesso a informação, a financiamento, o leite é uma fatia importante das nossas emissões porque é uma matéria relevante no Brasil. Nossa operação é a maior de compra de leite da Nestlé globalmente e estamos desde 2022 intensificando as ações junto aos produtores para promover as práticas regenerativas e, ao final, para termos a descarbonização. Já treinamos muitos produtores, intensificamos assistência técnica, mas agora falta, de fato, esse acesso para financiar os próximos investimentos que vão trazer para os produtores maior produtividade e eficiência e o carbono nós falamos que é a consequência. Mas a Nestlé junto com o Banco do Brasil fez uma parceria para dedicar R$ 100 milhões para essa cadeia e para os pequenos e médios produtores, facilitando esse acesso, garantindo esses investimentos que serão direcionados para a melhoria de eficiência e produtividade, dando esse suporte junto ao produtor de planejamento técnico e financeiro da propriedade. Mas que de fato essa parceria quebra uma barreira importante para a escala da agricultura regenerativa que é o acesso a financiamento”.

Esse é um exemplo que tem de inspirar a todos no CNMA. Falamos de cadeias produtivas, da ciência, da genética, até o consumidor final e esses exemplos de investimentos desse tipo, são eles que efetivamente a curto prazo nos levam para mudar o mundo para melhor, o agro brasileiro para melhor, e mudar as pessoas para melhor.

José TejonJosé Tejon

*José Luiz Tejon é jornalista e publicitário, doutor em Educação pela Universidad de La Empresa/Uruguai e mestre em Educação Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie.


Canal Rural não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos emitidos nos textos desta sessão, sendo os conteúdos de inteira responsabilidade de seus autores. A empresa se reserva o direito de fazer ajustes no texto para adequação às normas de publicação.



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Preço do cacau pressiona doces no Halloween nos EUA



Os consumidores norte-americanos enfrentam aumento nos preços dos doces neste Halloween, reflexo da alta no custo do cacau. Fabricantes reformularam receitas, mudaram embalagens e reajustaram valores para compensar o encarecimento da matéria-prima, segundo Judy Ganes, consultora de commodities da JGanes Consulting.

Pesquisas indicam que parte da população já sente o impacto. De acordo com o estudo Trick-or-Treat-onomics, realizado pela empresa financeira Empower, 35% dos norte-americanos notaram aumento nos preços, enquanto 57% afirmaram que comprarão menos doces este ano. Ainda assim, 35% pretendem distribuir barras de tamanho tradicional.

Diferença de preços por região

Levantamento do Barron’s mostra variação expressiva entre estados. Em um supermercado da Virgínia, pacote com seis barras de chocolate Hershey de 40 gramas passou de US$ 4,97 em maio para US$ 8,24. Em Phoenix, o mesmo produto subiu de US$ 6,99 para US$ 11,49 no mesmo período.

Apesar de os futuros do cacau terem caído 49% desde o pico de quase US$ 12.565 por tonelada em dezembro passado, os chocolates à venda foram produzidos na primavera, quando o mercado ainda registrava preços mais elevados.

Impacto para fabricantes e tarifas de importação

A Hershey, responsável por marcas como Reese’s, Kisses e KitKat, ajustou seus preços em maio para compensar a chamada “inflação do cacau”. A empresa projeta que os reajustes ampliem margens brutas ajustadas neste ano e alcancem aumento superior a 5% até 2026.

Outro fator que eleva os custos é a tarifa de importação, já que o cacau não é cultivado nos Estados Unidos. A Hershey estimou despesas entre US$ 170 milhões e US$ 180 milhões em tarifas para 2025, podendo atualizar esses números ao divulgar o resultado do terceiro trimestre, previsto para a próxima semana.



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Abiarroz lança campanha para valorizar o arroz brasileiro



A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) lançou nesta segunda-feira (27) a campanha “Arroz Combina”. O objetivo é estimular o consumo do cereal, destacar a qualidade nacional e combater informações equivocadas nas redes sociais. A iniciativa inclui site dedicado, parcerias com influenciadores e ações voltadas ao ambiente digital.

Renato Franzner, presidente da Abiarroz, afirma que a campanha visa reforçar a conexão cultural e afetiva da população com o arroz. “Queremos valorizar o grão e a cadeia produtiva, por meio de ações educativas e engajamento nas redes sociais”, explica.

Papel do arroz na alimentação e na economia

O arroz é considerado um alimento essencial para a segurança alimentar do país, presente em todas as regiões e em diferentes momentos da rotina dos brasileiros. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o consumo médio anual do cereal no Brasil chega a 10,5 milhões de toneladas.

Além de integrar receitas tradicionais, o produto sustenta milhares de produtores rurais. O Brasil se destaca como o maior produtor de arroz fora do continente asiático e mantém padrão de qualidade reconhecido internacionalmente, exportando para mais de 100 países.

Versatilidade e campanha de um ano

O slogan “Arroz Combina” enfatiza a versatilidade do grão, seu papel nas refeições diárias e na promoção de uma alimentação equilibrada. A iniciativa também ressalta a importância do arroz na agricultura nacional e seu valor para quem busca energia para atividades físicas.

A campanha tem duração prevista de um ano e é financiada pelo Fundarroz — Fundo de Promoção, Pesquisa, Inovação e Incentivo ao Consumo de Arroz. Lançado no final do ano passado, o fundo apoia ações de promoção do produto brasileiro e recebe patrocínio de diferentes atores do setor orizícola.



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Qual forma de aprendizado mais te ajuda no dia a dia?


Na interatividade da semana perguntamos: Qual forma de aprendizado mais te ajuda no dia a dia? E o resultado revelou que a maioria dos produtores rurais aposta em cursos e capacitações como principal forma de aprendizado no dia a dia. 63% apontaram que é por meio de treinamentos que conseguem aprimorar as práticas na propriedade e acompanhar as transformações do setor agropecuário.

Enquete realizada pelo Youtube oficial do Canal Rural

Em segundo lugar, 19% destacaram a assistência técnica especializada como essencial para o desenvolvimento das atividades rurais. Já 17% afirmaram que a troca de experiências com outros produtores é a forma mais eficaz de aprendizado no campo.

Esses dados indicam uma tendência clara: o produtor rural está cada vez mais aberto ao conhecimento técnico e à profissionalização. Além disso, o resultado reflete o avanço da inovação e da gestão no agronegócio, áreas que exigem atualização constante e novas habilidades.

Entre as opções mais procuradas, o Sebrae se destaca como uma das principais instituições de capacitação no país. A entidade oferece cursos gratuitos e pagos que ajudam desde o pequeno produtor até o empresário rural a desenvolver uma visão mais estratégica do negócio.

Por exemplo, o curso Agronegócios (online, 24h) aborda oportunidades, riscos e formas de ampliar a rede de contatos no setor. Além disso, o curso Formalização da propriedade rural: por onde começar? ensina o passo a passo para regularizar a atividade e acessar novos mercados. Da mesma forma, o treinamento Associativismo e cooperativismo: a união faz a força mostra como o trabalho coletivo pode gerar mais competitividade e ganhos sustentáveis.

Outro destaque é o Empretec Rural, um seminário intensivo que desenvolve o comportamento empreendedor e incentiva a inovação no campo. Enquanto isso, o curso Mudanças Climáticas e Agricultura Sustentável ajuda produtores a compreender os impactos do clima e aplicar práticas mais responsáveis.



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Mercado prevê inflação e dólar menores em 2025



O mercado financeiro voltou a revisar para baixo a expectativa de inflação deste ano, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (27) pelo Banco Central. A projeção para o IPCA passou de 4,70% para 4,56%, quinta queda consecutiva.

Inflação e juros

As estimativas para a taxa básica de juros, a Selic, foram mantidas em 15% ao ano, sem alterações nas últimas semanas. Para 2026, o mercado segue projetando Selic de 12,25%.

Já a previsão para o IGP-M recuou de 0,87% para 0,49%, enquanto o IPCA dos preços administrados passou de 4,97% para 4,92%.

Atividade econômica

O PIB brasileiro deve crescer 2,16% em 2025, o mesmo percentual esperado na semana anterior. Para 2026, a projeção de alta passou de 1,80% para 1,78%.

Câmbio e contas externas

O mercado também reduziu a projeção para o dólar, de R$ 5,45 para R$ 5,41 no fim de 2025. A expectativa para o resultado primário segue em déficit de 0,5% do PIB, e a dívida líquida do setor público ficou estável em 65,8%.

Na balança comercial, a projeção subiu de US$ 61,15 bilhões para US$ 61,99 bilhões. Já o investimento direto no país permaneceu em US$ 70 bilhões.

Projeções para os próximos anos

Para 2026, a expectativa é de inflação de 4,20%, PIB com alta de 1,78% e câmbio em R$ 5,50. Em 2027 e 2028, o mercado projeta inflação próxima de 3,8%, com estabilidade nas demais variáveis.



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Brasil precisa estar preparado quando acordo com os EUA sair


Depois de um primeiro dia de negociações sem grandes anúncios, muitos imaginaram que o “tarifaço” de 50% imposto pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros continuaria a travar o comércio entre os dois países por muito tempo. Mas os bastidores mostram o contrário: há um movimento coordenado para resolver o impasse rapidamente, e o agronegócio pode ser o maior beneficiado.

As sobretaxas sobre carnes, café, açúcar e etanol representam perdas anuais estimadas em US$ 5,8 bilhões, segundo a CNA. Só a carne bovina viu as vendas aos EUA caírem quase 50%, e o açúcar, 74%. Esses números explicam por que o tema virou prioridade máxima em Brasília: num cenário de crédito caro e margens apertadas, qualquer barreira extra atinge em cheio milhões de famílias do campo.

O que esperar daqui para frente

Apesar do impasse inicial, o Itamaraty e o Departamento de Estado americano definiram um cronograma de reuniões técnicas para as próximas semanas, com foco nos setores mais afetados. Isso mostra que as negociações não são protocolares: há um roteiro concreto e vontade política dos dois lados.

Tanto Lula quanto Donald Trump já sinalizaram disposição para encerrar a “guerra tarifária”. Trump, em plena corrida eleitoral, vê no Brasil um parceiro estratégico. Lula quer provar que pode destravar barreiras sem abrir mão da soberania nacional.

Os EUA enfrentam inflação persistente em alimentos e precisam de fornecimento estável de carne, café e açúcar. O Brasil, por sua vez, quer o mercado dos Estados Unidos de alto valor agregado e diversificar destinos além da Ásia.

O que muda no campo

O que pesa para o produtor brasileiro também encarece a mesa do consumidor americano.
Esse interesse convergente torna o acordo não apenas possível, mas provável em curto prazo.

Enquanto diplomatas negociam, o setor produtivo precisa se antecipar. Empresas exportadoras devem revisar contratos, ajustar estoques e manter diálogo com autoridades comerciais. Quando o acordo sair, tudo indica que será em breve, quem estiver preparado sai na frente.

O Brasil já redirecionou parte das exportações para outros mercados, como a China, que aumentou em 38% as compras de carne brasileira em setembro. Ou seja, o país negocia em posição de força, não de dependência.

O primeiro dia pode ter sido morno, mas o enredo é promissor. Há vontade política, agenda em andamento e pressão econômica de ambos os lados. O diálogo avança, e com ele vêm a correção da injustiça da qual fomos vítimas. Não se trata de esperar, mas de se preparar. Quando a porteira abrir, quem estiver pronto será o primeiro a atravessá-la.

Miguel DaoudMiguel Daoud

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural


Canal Rural não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos emitidos nos textos desta sessão, sendo os conteúdos de inteira responsabilidade de seus autores. A empresa se reserva o direito de fazer ajustes no texto para adequação às normas de publicação.



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AgroNewsPolítica & Agro

EUA e Brasil iniciam tratativas sobre tarifas e sanções


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tratar das tarifas impostas às exportações brasileiras. Segundo o governo brasileiro, o encontro, descrito por Lula como “franca e construtiva”, teve como foco a busca de soluções para a suspensão das medidas e o fortalecimento do diálogo econômico entre os dois países. “Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, afirmou Lula em publicação nas redes sociais.

De acordo com o Palácio do Planalto, o governo brasileiro considera que a imposição das tarifas carece de base técnica e ignora o fato de que os Estados Unidos mantêm superávit na balança comercial em relação ao Brasil. No encontro, Lula renovou o pedido de suspensão das tarifas, propondo um período de negociação. “O presidente Lula começou dizendo que não havia assunto proibido e renovou o pedido de suspensão das tarifas impostas à exportação brasileira durante um período de negociação, da mesma forma a aplicação da lei Magnitsky a algumas autoridades brasileiras, e disse que estava pronto a conversar”, relatou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Segundo Vieira, os dois presidentes tiveram uma conversa “muito descontraída e muito alegre”, aberta à imprensa por alguns minutos. O ministro acrescentou que Trump expressou “admiração pelo perfil da carreira política do presidente Lula, já tendo sido duas vezes presidente da República, perseguido no Brasil, provado sua inocência e vitoriosamente conquistado o terceiro mandato à frente da presidência da República”.

Durante o diálogo, Donald Trump afirmou admirar o Brasil e concordou com a necessidade de revisar as tarifas. “A conclusão final é de que a reunião foi muito positiva, e nós esperamos em pouco tempo agora, em algumas semanas, concluir uma negociação bilateral que trate de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil”, afirmou o chanceler.

As negociações devem prosseguir ainda neste domingo, em Kuala Lumpur, entre ministros brasileiros e autoridades norte-americanas.

O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Rosa, também destacou o caráter transparente do diálogo. “O diálogo foi franco, o presidente Lula deixou claro que a motivação utilizada pelos Estados Unidos para impor a elevação de tarifas para o restante do mundo não se aplica ao Brasil por conta do superávit da balança comercial para os Estados Unidos”, afirmou.

Rosa ressaltou ainda o papel estratégico do país na região. “O Brasil tem um papel muito importante na América do Sul, por isso também nos colocamos à disposição para colaborar com os Estados Unidos nos outros temas que possam ser pertinentes.”

Durante o encontro, Lula também mencionou a Lei Magnitsky, utilizada pelos Estados Unidos para impor sanções a autoridades estrangeiras. Segundo o presidente, a aplicação da lei em relação a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro é “injusta”, uma vez que “respeitou-se o devido processo legal e não houve nenhuma perseguição”.

A reunião contou com a presença do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio; do secretário do Tesouro, Scott Bessent; e do representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer.





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