quarta-feira, outubro 29, 2025

Autor: Redação

AgroNewsPolítica & AgroSafra

Preços do boi gordo a R$ 350,00 por arroba: especulação ou realidade?


Analistas apontam os fatores que podem impulsionar ou limitar a valorização da arroba no mercado

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A arroba do boi gordo pode encerrar 2025 no patamar dos R$ 350,00? A questão divide analistas e pecuaristas: de um lado, há fundamentos que sustentam a possibilidade de alta, como exportações firmes, menor oferta de fêmeas e sazonalidade de fim de ano; de outro, o câmbio desfavorável, as taxas de confinamento e a forte concorrência das proteínas mais baratas podem frear esse movimento.

O fato é que os contratos futuros na Bolsa Brasileira (B3) estão operando com patamares próximos de R$ 318,00/@ para o mês de dezembro/25, enquanto as cotações no mercado físico se encontram na faixa de R$ 308,71/@, conforme reportou a Agrifatto em seu boletim diário. 

O analista Especialista em Mercados Agrícolas da Terra Investimentos, Geraldo Isoldi relembra que, no anúncio do chamado tarifaço, os compradores reagiram com certo “pânico”, o que pressionou momentaneamente as cotações. Para o analista, esse movimento não tinha fundamento, já que os números atuais das exportações confirmam a solidez da demanda externa. “Na época, a indústria se aproveitou da surpresa do lado vendedor, alongando escalas com contratos a termo e abastecimento de confinamentos próprios”, observa.

Isoldi avalia que as atuais cotações do boi gordo estão subestimadas e que a arroba deve voltar a subir, podendo alcançar patamares próximos de R$ 350,00 até o fim do ano. Segundo ele, existe quase um consenso no mercado de que a valorização virá, mas a grande dúvida está no timing desse movimento.

O último trimestre de 2025 traz perspectivas positivas para o pecuarista, segundo o analista Fernando Henrique Iglesias. Ele destaca que este é o período de maior demanda do ano, com exportações aquecidas e interesse recorde pela carne brasileira no mercado internacional.

“No entanto, o preço da arroba deve encontrar limites neste cenário. O patamar de R$ 350 me parece menos provável, justamente porque, apesar da super demanda, o abate no país vai atingir níveis recordes, refletindo uma superoferta de animais”, explica Iglesias.

Para o produtor, isso significa que, mesmo diante da alta competitividade externa, é possível esperar alguma recuperação nos preços do boi gordo neste último trimestre do ano, mas dentro de um teto moderado entre R$ 330,00 e R$ 340,00 por arroba.

Boi Gordo destaque | Foto: Secretária da Agricultura de SP
Boi Gordo destaque | Foto: Secretária da Agricultura de SP

Para ajudar a entender os fatores que devem seguir no radar do mercado, o Notícias Agrícolas separou tópicos que podem impulsionar ou limitar os preços da arroba neste último trimestre. 

Fatores que podem impulsionar os preços

Demanda externa aquecida:

Em 2025, a China segue como protagonista na demanda pela carne bovina brasileira, consolidando-se como o principal destino das exportações do setor. O apetite do mercado chinês se mantém firme, impulsionado pela recuperação da economia local e pela necessidade de suprir um consumo interno crescente, ainda dependente das importações para atender à população de mais de 1,4 bilhão de pessoas.

Ao mesmo tempo, o Brasil amplia seu alcance internacional com a abertura de novos mercados, como o Vietnã, que vem se destacando como um comprador em ascensão na Ásia. Essa diversificação ajuda a reduzir a dependência da China e reforça a posição do país como um dos principais exportadores globais de proteína animal.

Lorenzo Junqueira, pecuarista e gestor do Agro Bacuri, destaca que o cenário das exportações segue como um fator-chave para o mercado da carne bovina brasileira. Segundo ele, a China, principal cliente do país, continua batendo recordes de importação, e a proximidade do Ano Novo Lunar tende a acelerar ainda mais os embarques.

Além disso, Junqueira ressalta que a abertura de novos mercados internacionais tem ampliado o horizonte para a carne brasileira, oferecendo oportunidades para sustentar a demanda externa mesmo diante de ajustes na oferta doméstica. “O cenário externo segue favorável e deve continuar influenciando positivamente os preços da arroba nos próximos meses”, avalia.

Oferta mais restrita:

Para Ronaty Makuko, analista da Pátria Agronegócios, o movimento de oferta no mercado do boi gordo deve ser influenciado principalmente pela menor disponibilidade de boi magro e pela redução no descarte de fêmeas. Esses dois fatores tendem a atuar como estímulos para uma possível valorização das cotações nos próximos meses.

No entanto, ele pondera que, no curto prazo, o cenário ainda é de estabilidade. “Até outubro, é difícil enxergar grandes movimentos, porque o mercado já está muito bem posicionado nos contratos a termo. Isso limita a possibilidade de ajustes mais expressivos, inclusive para setembro”, destacou.

A análise reforça que a virada de preços deve depender da combinação entre a menor oferta de animais e a resposta da demanda — tanto no mercado interno, com a aproximação do período de maior consumo, quanto no externo, sustentado pelo bom desempenho das exportações.

Segundo Junqueira, apesar dos confinamentos estarem bem abastecidos neste momento, é fundamental observar a reposição e a movimentação da demanda para entender o comportamento futuro dos preços.

De acordo com ele, o mercado registra recordes sucessivos nas exportações de carne bovina, ao mesmo tempo em que a reposição de boi magro nos confinamentos está abaixo de 1 — ou seja, saem mais animais do que entram. Esse fator sinaliza uma escassez de boi magro no mercado.

“Com esse contexto, novembro e dezembro tendem a ser meses de oferta enxuta de boi gordo, justamente no período em que a demanda se aquece, tanto no mercado interno, impulsionada pelo consumo de fim de ano, quanto nas exportações”, destacou Junqueira.

O analista de mercado Ronaty Makuko destacou que a diferença no ritmo de abates entre frigoríficos pequenos e grandes tem marcado o atual cenário da pecuária de corte. Enquanto as indústrias menores operam com escalas bastante curtas, de apenas três a quatro dias, os grandes frigoríficos seguem em situação mais confortável, com programações que variam entre 9 e até 15 dias em alguns estados.

Segundo Makuko, essa discrepância reflete o maior poder de compra e de negociação das grandes plantas, que conseguem assegurar a oferta de animais por mais tempo, em contraste com a pressão enfrentada pelos pequenos. Ele ressalta ainda que, em São Paulo, uma das principais regiões de referência da pecuária, o mercado segue aquecido, o que pode abrir espaço para flertes de valorização no preço da arroba já em dezembro.

O consultor da Aliá Investimentos, João Bosco Bittencourt Júnior  avalia que o mercado do boi gordo deve encerrar 2025 em níveis próximos aos registrados no início do ano. Para que a arroba alcance os R$ 350, ele projeta uma valorização em torno de 8,5% a 10,5% em relação aos preços atuais, que estão entre R$ 315,00 e R$ 320,00. Esse movimento, segundo ele, é compatível com o que historicamente ocorre em períodos de virada de ciclo pecuário.

Bosco reforça que a valorização é possível, mas depende de uma sustentação maior tanto do mercado interno quanto das exportações, que hoje já se mostram bastante aquecidas. “Para que esse boi de R$ 350,00 aconteça, precisamos que a demanda esteja firme dos dois lados”, afirma.

Quanto ao impacto do confinamento sobre os preços, o analista não acredita que a oferta de animais confinados seja um fator limitante para a arroba. Na sua visão, o ponto-chave está no consumo: “A demanda é quem pode limitar o preço. A oferta vai acontecer, mas se o consumo não crescer, o reflexo no valor da arroba será limitado”.

Assim, a expectativa é de que o segundo semestre traga valorização gradual, com boas chances de alcançar o patamar de R$ 350, desde que a demanda acompanhe o ritmo da oferta.

Para Rodrigo Costa, analista da Pine Agronegócios, os números recentes do IBGE chamaram atenção ao evidenciarem mais uma vez o elevado volume de abates no país. Contudo, uma avaliação mais detalhada dos dados mostra que esse movimento tem perdido força gradualmente, especialmente no caso das fêmeas.

Segundo ele, a expectativa de uma virada de ciclo tem levado parte do mercado a interpretar momentos de maior firmeza nos preços como sinal de mudança estrutural no ritmo de descarte. “Na prática, ainda estamos atravessando a saída da safra. Quem se guia apenas pela movimentação de preços pode se frustrar no curto prazo, já que ainda há oferta a ser colocada no mercado, principalmente dos animais do segundo e terceiro giro”, pontua Costa.

Sazonalidade interna:

Para Rodrigo Costa, analista da Pine Agronegócios, a ampla oferta atual não inviabiliza a valorização da arroba em 2025 — pelo contrário, é justamente esse cenário que reforça sua expectativa de preços mais firmes à frente. Segundo ele, o início de um ciclo de corte de juros deve aumentar o poder de compra da população, impulsionando o consumo no mercado interno.

A sazonalidade também deve atuar a favor da carne bovina: o pagamento do 13º salário, as festas de fim de ano e a manutenção de um ritmo firme nas exportações compõem fatores que tendem a sustentar a demanda e abrir espaço para uma recuperação mais consistente das cotações.

Competitividade internacional:

O câmbio segue sendo um dos pontos de maior atenção para o mercado pecuário brasileiro. Para Lorenzo Junqueira, pecuarista e gestor do Agro Bacuri, mesmo diante das oscilações recentes do dólar, a competitividade da carne bovina nacional continua elevada.

Segundo ele, o Brasil ainda conta com a arroba mais barata do mundo, o que garante vantagem no comércio internacional. “Por mais que o dólar esteja em patamares mais baixos, nossa competitividade sobra. A arroba brasileira continua sendo a mais barata”, destacou.

Junqueira acredita, no entanto, que o atual nível da moeda americana não deve se sustentar por muito tempo. Ele projeta uma retomada de alta no câmbio, influenciada pelo aumento dos gastos do governo e pelo risco fiscal. “Não imaginava que o dólar chegaria a esses níveis, mas vejo tendência de alta daqui para frente”, afirmou.

Na visão do pecuarista, mesmo que a moeda siga em patamares mais baixos no curto prazo, o Brasil ainda preserva ampla atratividade no mercado externo, sustentando o fluxo das exportações de carne bovina.

Fatores que podem limitar a alta

Câmbio:

O mercado do boi gordo deve enfrentar limitações na valorização até o final de 2025, aponta o analista Fernando Henrique Iglesias. Segundo ele, a recente movimentação cambial, com o dólar flertando com R$ 5,30, acaba pressionando as exportações brasileiras de commodities, impactando a competitividade da carne no mercado internacional.

“Isto tende a limitar o teto de alta do boi gordo entre R$ 330 e R$ 340 por arroba até o final do ano. O patamar de R$ 350 me parece menos provável”, afirma Iglesias.

Para Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria, o câmbio segue sendo um fator determinante para o mercado da carne bovina. Ele lembra que, entre outubro e dezembro do ano passado, a moeda americana chegou a R$ 6 e se manteve nesse patamar até o início de 2025, sustentando o ritmo das exportações e influenciando a competitividade da carne brasileira.

“Atualmente, o câmbio atingiu sua mínima dos últimos 12 a 15 meses, o que muda o contexto de competitividade em relação ao ano passado. Esse movimento precisa ser considerado na análise das tendências de preço e demanda para os próximos meses”, destaca Fabbri.

De acordo com a visão do Head de Agronegócios e Mercado de Capitais na A7 Capital, Raphael Galo, as possibilidades da arroba atingir novos patamares vem diminuindo muito nos últimos meses, principalmente atrelado ao fator câmbio. 

“Na minha visão se dólar continuar nesse patamar de R$ 5,30 a R$ 5,40 vai ser muito difícil isso acontecer esse ano. Há não ser que a oferta de animais se restrinja muito, principalmente de fêmeas”, informou.  

Confinamentos abastecidos: 

O analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias destaca que o setor pecuário vive uma temporada de confinamento recorde, com cerca de 500 mil cabeças a mais em relação ao ano passado. Esse volume extra de animais tem gerado impactos diretos no mercado do boi gordo.

Segundo Iglesias, a recuperação de preços em setembro deve ser bastante limitada, já que a entrada maciça de animais mantém as escalas de abate confortáveis para a indústria frigorífica. “A incidência de animais de parceria nesta primeira quinzena do mês reforça a pressão sobre o mercado”, explica.

O analista reforça que a superoferta continua sendo o principal limitador para reajustes mais consistentes da arroba no curto prazo.

Geraldo Isoldi, destaca que, após a primeira metade do ano, a indústria se abasteceu dos contratos a termo fechados anteriormente e também de seus próprios confinamentos, alongando as escalas e mantendo o mercado sob pressão. Além disso, a oferta para o segundo semestre tem se mostrado maior do que o esperado meses atrás, impulsionada não apenas por preços atrativos no primeiro semestre e pela baixa do milho, mas também por um ciclo pecuário que parece não ter fim.

Apesar desse cenário, Isoldi aponta que a atual demanda externa, combinada com o consumo doméstico, mesmo que moderado, consegue sustentar os preços acima dos níveis atuais. Na última sexta-feira, 12, o indicador DATAGRO registrou R$ 310,90.

O consultor ressalta que, enquanto a indústria continuar abastecida, seja por contratos ou confinamentos próprios, o mercado seguirá pressionado. No entanto, ele vê um ponto positivo: quanto mais tempo essa situação se prolongar, maior será a necessidade e o apetite da indústria quando retomarem as compras em maior volume.

Concorrência das proteínas:

O mercado de proteínas no Brasil segue marcado pela competitividade entre as carnes, e em 2025 o frango tem se destacado em relação à carne bovina. De acordo com Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria, nos últimos três meses a carne de frango tem se mostrado mais competitiva e a tendência é que esse cenário se mantenha até o final do ano.

No mercado interno, a expectativa é de incremento na demanda, impulsionado por uma melhora do poder de compra da população e por uma procura maior por proteínas de menor custo. No entanto, Fabbri lembra que o cenário de 2024 teve um diferencial importante: a eleição municipal, que trouxe uma injeção adicional de recursos na economia, o que reforçou o consumo no período de fim de ano.

Para este ano, o contexto é diferente. Os preços das carnes concorrentes, especialmente do frango, estão mais estáveis no atacado em comparação ao ano anterior, o que tende a reforçar a atratividade dessa proteína frente à carne bovina nas próximas semanas.

Margens da indústria:

As margens da indústria frigorífica seguem pressionadas em 2025. Segundo Fabbri, o cenário atual aponta para uma margem operacional em torno de 3% a 4%, considerando a arroba do boi gordo negociada a R$ 330,00 nos vencimentos de outubro e novembro e os preços da carne sem osso no atacado estáveis.

O analista destaca que, diferentemente do ano passado, a indústria não encontra tanto espaço para repassar altas no mercado interno. Em 2024, mesmo com a arroba a R$ 350, as margens foram sustentadas pela valorização do dólar em torno de R$ 6, pelo bom desempenho das exportações e pela aceitação do setor em reduzir ganhos no mercado doméstico para garantir maior volume.

Neste ano, no entanto, a conjuntura é distinta. Com o câmbio mais baixo e espaço limitado para reajustes na carne sem osso, a rentabilidade da indústria tende a ser mais restrita. “A margem de 3% a 4% já seria atingida com a arroba a R$ 330 nos preços atuais do atacado em São Paulo. Por isso, enxergamos dificuldade para que o mercado consiga sustentar a arroba a R$ 350,00 até o fim do ano”, avalia Fabbri.

Próximos meses 

A cotação de R$ 350,00 por arroba continua sendo uma incógnita no mercado da pecuária. O setor enfrenta um equilíbrio delicado, com fatores que indicam alta e outros que limitam o crescimento. O valor final só será definido nos próximos meses, e pecuaristas e analistas permanecem atentos na relação entre demanda e oferta para saber se a marca será, de fato, atingida.

Lorenzo Junqueira destaca que a mensagem é clara: é preciso “cadenciar as vendas” para aproveitar ao máximo a valorização esperada nos próximos meses. A perspectiva é de que o mercado continue em alta, e que os pecuaristas fiquem atentos a essa mudança de cenário.





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Cautela marca mercado de cacau em outubro



Os preços do cacau voltaram a subir na semana encerrada em 24 de outubro, após um período de correção. Em Nova York, o contrato mais negociado fechou a 6.319 dólares por tonelada; em Londres, a 4.518 libras. As altas semanais foram de 7,19% e 10,03%, respectivamente, mas o movimento reflete mais um ajuste técnico do que uma mudança estrutural no mercado.

Queda nas moagens indica demanda enfraquecida

De acordo com a Hedgepoint Global Markets, parte das oscilações recentes foi influenciada pelos dados de moagem do terceiro trimestre, principal termômetro da demanda global por cacau. Na Ásia, a Cocoa Association of Asia (CAA) registrou queda de 17,08% no volume processado em relação ao mesmo período de 2024, com destaque para a Malásia, onde a retração chegou a 35%. Ainda assim, Indonésia e Singapura mostraram desempenho positivo, o que amenizou o resultado regional.

Na Europa, segundo a analista de inteligência de mercado Carolina França, da Hedgepoint, o recuo foi menor do que o esperado. “O déficit das importações líquidas vem diminuindo gradualmente, sinalizando uma leve recuperação da atividade ao longo do ano”, explica. Já nos Estados Unidos, a National Confectioners Association (NCA) registrou alta de 3,22% na moagem, impulsionada pela entrada de novos participantes e pelo aumento das importações.

Preços altos mantêm pressão sobre o setor

Apesar das variações positivas nas cotações, o cenário ainda é de cautela. França observa que os preços historicamente elevados continuam comprimindo as margens da indústria e restringindo o consumo. “Mesmo com algumas correções, os custos seguem elevados, e o impacto no consumo permanece evidente”, afirma.

O movimento mais recente de alta também foi sustentado por menor oferta da Costa do Marfim e pelas discussões sobre a Regulamentação Antidesmatamento da União Europeia (EUDR). Segundo o relatório Cocoa Barometer, apenas 40% dos grãos do país foram rastreáveis na última safra, o que aumenta a preocupação do mercado europeu com o abastecimento.

Na reta final de outubro, a alta perdeu força, e investidores ampliaram posições vendidas em Londres, reforçando o tom de prudência. A expectativa agora se volta para os resultados financeiros das principais processadoras e fabricantes de chocolate, que devem indicar o rumo do mercado no início da safra 2025/26.



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Juros altos afetam crédito rural sustentável do Plano Safra 2025/26



O crédito rural com potencial de promover ganhos de sustentabilidade na agropecuária totalizou R$ 19 bilhões no primeiro trimestre do Plano Safra 2025/26, cerca de R$ 5 bilhões a menos que o registrado no mesmo período da safra anterior. Os dados constam no boletim trimestral “Crédito Rural em Jornada de Sustentabilidade”, divulgado pela consultoria Agroicone.

Pela primeira vez desde o lançamento do estudo, a proporção desse tipo de financiamento recuou, passando de 22,8% no primeiro trimestre da safra 2024/25 para 22,6% no mesmo período deste ciclo. A queda geral no crédito vem sendo atribuída ao cenário de alta taxa de juros, ao endividamento dos tomadores e ao aumento dos custos de transação, com mais exigências de garantia real por parte do setor financeiro.

Dados do Sicor/BCB demonstram que a retração se deu de forma diferenciada entre os produtores. Considerando apenas custeio e investimento, no Pronaf a queda foi de 3,2% no primeiro trimestre entre as duas safras, enquanto no restante do crédito o decréscimo chegou a 25,6%.

Médios e grandes produtores são os mais impactados

O impacto mais severo atingiu os recursos para investimento destinados a médios e grandes produtores, que caíram pela metade, de R$ 7,2 bilhões para R$ 3,6 bilhões. No Pronaf, em contrapartida, houve leve crescimento de 1,8%, de R$ 1,58 bilhão para R$ 1,61 bilhão. A diferença reflete a manutenção das taxas de juros para a agricultura familiar, enquanto médios e grandes enfrentaram aumento nos custos de financiamento.

“Este movimento sinaliza que as intervenções com objetivos sustentáveis tiveram menos espaço no crédito rural, acendendo um alerta quanto à trajetória do financiamento climático da agropecuária”, disseram, no estudo, Gustavo Lobo e Lauro Vicari, pesquisadores da Agroicone responsáveis pelo levantamento.

Os recursos para investimento foram os mais afetados, com queda de 39,7% entre os trimestres, passando de R$ 8,8 bilhões para R$ 5,3 bilhões. Já o custeio enquadrado recuou 14,2%. O levantamento identificou ainda queda de 80% no valor contratado do produto Correção Intensiva de Solos, que passou de R$ 7,5 bilhões no primeiro trimestre de 2024/25 para R$ 1,5 bilhão no mesmo período deste ano.



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Juros altos afetam crédito rural sustentável do Plano Safra 2025/26



O crédito rural com potencial de promover ganhos de sustentabilidade na agropecuária totalizou R$ 19 bilhões no primeiro trimestre do Plano Safra 2025/26, cerca de R$ 5 bilhões a menos que o registrado no mesmo período da safra anterior. Os dados constam no boletim trimestral “Crédito Rural em Jornada de Sustentabilidade”, divulgado pela consultoria Agroicone.

Pela primeira vez desde o lançamento do estudo, a proporção desse tipo de financiamento recuou, passando de 22,8% no primeiro trimestre da safra 2024/25 para 22,6% no mesmo período deste ciclo. A queda geral no crédito vem sendo atribuída ao cenário de alta taxa de juros, ao endividamento dos tomadores e ao aumento dos custos de transação, com mais exigências de garantia real por parte do setor financeiro.

Dados do Sicor/BCB demonstram que a retração se deu de forma diferenciada entre os produtores. Considerando apenas custeio e investimento, no Pronaf a queda foi de 3,2% no primeiro trimestre entre as duas safras, enquanto no restante do crédito o decréscimo chegou a 25,6%.

Médios e grandes produtores são os mais impactados

O impacto mais severo atingiu os recursos para investimento destinados a médios e grandes produtores, que caíram pela metade, de R$ 7,2 bilhões para R$ 3,6 bilhões. No Pronaf, em contrapartida, houve leve crescimento de 1,8%, de R$ 1,58 bilhão para R$ 1,61 bilhão. A diferença reflete a manutenção das taxas de juros para a agricultura familiar, enquanto médios e grandes enfrentaram aumento nos custos de financiamento.

“Este movimento sinaliza que as intervenções com objetivos sustentáveis tiveram menos espaço no crédito rural, acendendo um alerta quanto à trajetória do financiamento climático da agropecuária”, disseram, no estudo, Gustavo Lobo e Lauro Vicari, pesquisadores da Agroicone responsáveis pelo levantamento.

Os recursos para investimento foram os mais afetados, com queda de 39,7% entre os trimestres, passando de R$ 8,8 bilhões para R$ 5,3 bilhões. Já o custeio enquadrado recuou 14,2%. O levantamento identificou ainda queda de 80% no valor contratado do produto Correção Intensiva de Solos, que passou de R$ 7,5 bilhões no primeiro trimestre de 2024/25 para R$ 1,5 bilhão no mesmo período deste ano.



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AgroNewsPolítica & Agro

Preços do boi gordo sobem em São Paulo e Pará



Preço do boi China sobe R$ 1 por arroba



Foto: Canva

De acordo com o informativo Tem Boi na Linha, divulgado nesta terça-feira (28) pela Scot Consultoria, as escalas de abate em São Paulo permaneceram curtas, com média de sete dias. De acordo com o levantamento, o encurtamento das escalas está relacionado à menor oferta de boiadas, o que levou as indústrias a elevar as ofertas de compra para garantir a matéria-prima e cumprir contratos.

Com esse cenário, a cotação do boi gordo e do “boi China” registrou alta de R$ 1,00 por arroba, enquanto os preços das fêmeas permaneceram estáveis no estado.

No Pará, as escalas de abate também encurtaram e a oferta de animais foi menor, resultando em aumento das cotações em todas as regiões. Em Marabá, o preço de todas as categorias subiu R$ 2,00 por arroba, com escalas médias de seis dias.

Em Redenção, o preço da vaca aumentou R$ 6,00 por arroba, e o da novilha, R$ 3,00 por arroba. As escalas de abate atendiam, em média, a cinco dias.

Em Paragominas, a cotação da novilha teve alta de R$ 3,00 por arroba, enquanto as demais categorias permaneceram estáveis. As escalas médias de abate foram de quatro dias.

Em Alagoas, tanto o boi gordo quanto a vaca registraram elevação de R$ 5,00 por arroba em relação ao dia anterior.





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Plantio da de soja está atrasado em MG; sojicultores esperam por chuvas



O plantio da safra 2025/26 de soja em Patos de Minas, no centro-oeste de Minas Gerais, está atrasado em relação ao mesmo período do ano passado e ainda não tem data para começar, segundo a Emater local.

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O engenheiro agrônomo Fernando José da Silva explica que os produtores de Patos de Minas já estão com as áreas preparadas para o cultivo nos 33 mil hectares previstos, mas a ausência de chuvas regulares impede o início da semeadura. Há expectativa de precipitações no fim de semana, o que pode permitir o avanço dos trabalhos.

Caso as condições climáticas melhorem, a expectativa é de que a produtividade média fique em torno de 3.900 kg/ha, desempenho semelhante ao da safra anterior.

Projeção para a soja em Minas Gerais

O levantamento da Safras & Mercado aponta que o plantio de soja em Minas Gerais deve alcançar 2,41 milhões de hectares na safra 2025/26, um aumento de 1,3% em relação aos 2,38 milhões de hectares da temporada passada.

A produção total mineira é estimada em 9,54 milhões de toneladas, crescimento de 1,8% sobre as 9,38 milhões de toneladas colhidas em 2024/25. O rendimento médio esperado é de 3.980 kg/ha, ligeiramente acima dos 3.960 kg/ha da safra anterior.

Segundo o último levantamento da Conab, a semeadura no estado está em 11,6%.



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produtores aguardam mais chuvas para o desenvolvimento da safra



Os produtores de café estão à espera de mais chuvas para garantir o pegamento e o desenvolvimento dos chumbinhos da safra brasileira 2026/27 de arábica. Isso é o que apontam os levantamentos do Centro De Estudos Avançados Em Economia Aplicada (Cepea).

Por enquanto, pesquisadores afirmam que as condições climáticas têm favorecido esta etapa inicial da temporada de café, com maior umidade e temperaturas amenas ao longo de outubro, diferentemente do observado em anos recentes. 

Segundo colaboradores do Cepea, floradas expressivas foram abertas nas principais regiões produtoras de arábica na primeira quinzena deste mês. Embora a última precipitação volumosa em boa parte do estado de São Paulo e no Sul de Minas Gerais tenha sido observada há pouco mais de uma semana, o que vem deixando produtores preocupados,  há previsão de chuvas para os próximos dias no Sudeste do Brasil.

*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo



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Preços do algodão são os menores em cinco anos



Com novas quedas, os preços do algodão em pluma já operam nos menores patamares nominais desde outubro de 2020. Isso é o que apontam os levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Segundo o instituto, os recuos estão atrelados à expectativa de maior oferta da pluma, ao avanço no beneficiamento da safra 2024/25 e à pressão exercida por compradores.

Além disso, os baixos valores externos do algodão também dificultam uma reação doméstica. Nesse cenário, conforme colaboradores consultados pelo Cepea, muitos agentes estão afastados do spot nacional, esperando momentos mais atrativos para negociar, atentos apenas ao carregamento dos contratos a termo.

Vendedores com necessidade de capitalização ou de liquidar lotes acabam sendo flexíveis nos valores, enquanto alguns compradores ofertam cotações ainda menores.

*Sob supervisão de Luis Roberto Toledo



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Plano Clima pode punir produtores e enfraquecer agricultura de baixo carbono, diz especialista



Criado em 2008, o Plano Clima foi o primeiro documento a reunir políticas de mitigação e adaptação do país. A proposta atualizada, em discussão no governo, deveria integrar as estratégias de diversos setores. Porém, segundo autoridades e entidades ligadas ao agronegócio, o plano não cumpre esse papel e atribui culpa ao produtor rural.

Para o diretor-geral da Agroicone, Rodrigo Lima, a entrega do documento na COP30, em Belém, é equivocada. Isso porque o plano não traz base técnica sólida e pode atribuir ao campo emissões que não correspondem à realidade do setor.

“Na teoria, faz sentido associar emissões por uso da terra ao setor agropecuário. Mas, na prática, o Brasil não tem uma base de dados confiável para delimitar essas áreas. Isso pode distorcer os números e gerar interpretações equivocadas sobre o papel do agro”, afirma.

Falta de integração entre planos setoriais

Outro ponto de atenção é que se o novo Plano Clima for aprovado da forma como está, a agenda de agricultura de baixo carbono construída nos últimos anos pode ser enfraquecida.

“O Plano Clima precisava ser o guarda-chuva que organiza e dá coerência às ações de todos os ministérios. No entanto, o que se vê é uma soma de intenções sem base metodológica comum”, avalia Rodrigo Lima.

Ele lembra que o Brasil já possui instrumentos robustos, como o Programa ABC+, voltado à agricultura de baixo carbono, e o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm). “O ideal seria alinhar o Plano Clima a essas políticas já existentes, em vez de criar novas estruturas sem coordenação”, pontua.

Produtor rural em risco

A forma como o Plano Clima redistribui as emissões também preocupa o setor. Segundo Lima, incluir todo o desmatamento ocorrido em imóveis rurais como responsabilidade da agropecuária é uma distorção.

“O produtor pode ser penalizado por emissões de áreas que não estão sob sua gestão direta, como assentamentos ou terras públicas. Isso traz insegurança e pode afetar o acesso ao crédito rural”, explica.

Para ele, a política ambiental deve continuar sendo conduzida por órgãos especializados, como o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente, e não pelo Ministério da Agricultura. “O Mapa não tem atribuição legal para fiscalizar desmatamento. Criar essa expectativa é deslocar o papel das instituições e sobrecarregar o produtor”, afirma.

Plano ainda incompleto e sem definição de custos

Outro ponto sensível é o estágio de elaboração do plano. O especialista destaca que as estratégias de monitoramento e financiamento ainda estão em consulta pública. “Estamos discutindo um documento sem ver a parte que explica como ele será implementado, quem vai pagar a conta e quais incentivos econômicos estão previstos”, diz Lima.

Neste sentido, o governo corre o risco de apresentar um plano incompleto antes da COP30, em 2025, apenas para demonstrar avanço político. “É importante ter ambição climática, mas ela precisa vir acompanhada de realismo técnico. Sem isso, o plano pode perder credibilidade”, alerta.

Avanços do agro devem ser reconhecidos

Além disso, Lima defende que o Brasil adote uma abordagem mais equilibrada, reconhecendo os avanços já alcançados pelo agronegócio em sustentabilidade.

“O setor rural brasileiro tem papel fundamental na redução de emissões, seja pela recuperação de pastagens, pela integração lavoura-pecuária-floresta ou pelo uso racional de insumos. O Plano Clima deveria fortalecer essa agenda, e não tratá-la como problema”, afirma.

Para ele, reforçar políticas como o Plano ABC+ e ampliar o acesso a financiamento verde seriam passos mais eficazes para alcançar as metas de 2035. “O caminho não é punir quem já está fazendo o certo, mas estimular quem quer seguir nessa direção”, conclui.



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AgroNewsPolítica & Agro

Novas metas de emissão reduzem em 17% impacto no clima


As atualizações das metas de emissão de gases do efeito estufa apresentadas por 64 países participantes do Acordo de Paris, juntas, são capazes de diminuir em 17% os impactos na mudança do clima, na comparação com as emissões em 2019. Na projeção para 2030, a redução é de 6%, em relação ao que havia sido proposto nas metas anteriores.

As informações foram divulgadas nesta terça-feira (28) no Relatório Síntese das Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC na sigla em inglês), publicado pelo secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês).

O documento é uma das ferramentas de avaliação do Acordo de Paris sobre o avanço das ações climáticas nas 198 nações que integram o tratado internacional, mas foi elaborado com base nas metas atualizadas por menos de um terço (64) dos países entre janeiro de 2024 e setembro de 2025.

De acordo com o relatório, se as novas NDCs forem plenamente cumpridas até 2035, serão capazes de reduzir as emissões em 13 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e).

O documento destaca também que as ambições apresentadas mostram etapas claras para trajetórias de redução em longo prazo e objetivo de alcançar neutralidade nas emissões, “embora ainda seja necessária uma aceleração das ações”, destaca.

O relatório aponta ainda que as NDCs estão mais completas, indo além de ambições para mitigação ao incluírem elementos sobre adaptação, financiamento, transferência de tecnologia, capacitação e abordagem de perdas e danos e, ainda, refletindo de forma mais abrangente sobre o Acordo de Paris.

“As novas NDCs mostram uma progressão em termos de qualidade, credibilidade e cobertura econômica, com 89% das Partes comunicando metas para toda a economia”, destaca o relatório.

Na avaliação da presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell, as metas ficaram mais sofisticadas, mas o principal problema permanecerá.

“Estamos gerindo uma crise sem a urgência de uma crise. Há algo de profundamente equivocado em celebrar uma queda de 17% nas emissões quando a ciência diz que precisamos de 60%”, critica.

Para o líder de mudanças climáticas do WWF-Brasil, Alexandre Prado, o cenário é preocupante e indica que as ações climáticas continuam sendo adiadas e empurradas para as gerações futuras. Por outro lado, a integração de medidas de adaptação das cidades aos planos de redução das emissões pode ser considerada uma decisão promissora.

“Especialmente em ações baseadas na natureza, como a conservação de manguezais e florestas. Essas soluções reduzem custos, aumentam a resiliência das comunidades e trazem benefícios que vão muito além do carbono, como a manutenção da biodiversidade, da água e do equilíbrio climático”, explica.

Entre os países que apresentaram as novas NDCs, 75% incluíram a necessidade de soluções inovadoras e do fortalecimento da cooperação internacional para o desbloqueio de um financiamento climático capaz de viabilizar a implementação das metas nos países em desenvolvimento.   

Para o diretor sênior de políticas públicas e incentivos da Conservação Internacional, Gustavo Souza é essencial garantir que mecanismos como os mercados de carbono de alta integridade, o REDD+ e o Tropical Forest Forever Facility (TFFF) ofereçam financiamento previsível para aqueles que protegem a natureza.

“Apesar de uma maior ambição, as novas NDCs também destacam que persistem lacunas de financiamento para ações climáticas baseadas na natureza. As florestas representam um terço da solução global para as mudanças climáticas, mas recebem apenas 3% do financiamento climático. Esse desequilíbrio precisa ser corrigido”, reforça.

Desde que o Brasil foi escolhido como sede da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a presidência brasileira que conduzirá a próxima rodada de negociações, tem se empenhado em incentivar a entrega das atualizações dos compromissos pelos países.

O Brasil foi o segundo país a entregar a NDC antes mesmo do primeiro prazo para entrega, em fevereiro, ser prorrogado para setembro.

Os 64 países incluídos no relatório foram os que entregaram dentro do novo prazo e não incluem os compromissos de grandes emissores como China e Índia.

“O mundo ainda aguarda dois terços das novas NDCs esperadas e, a menos de duas semanas da COP30 em Belém, mais países precisam submeter suas NDCs para sinalizar que a ambição coletiva está aumentando e que as metas do Acordo de Paris continuam ao nosso alcance”, destaca Gustavo Souza.





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