O preço do etanol hidratado encerrou setembro em R$ 2,82 por litro sem impostos no polo de Paulínia (SP), principal referência do país. A média mensal subiu 3%, alcançando R$ 2,85 por litro, segundo levantamento do Itaú BBA.
De acordo com o banco, o movimento foi influenciado pela queda nos preços internacionais de energia, especialmente da gasolina, que impactou o comportamento dos biocombustíveis no mercado interno.
Pressão sobre o etanol
Agentes do setor avaliam que ainda há espaço para uma redução adicional de 5% a 10% no preço da gasolina nas refinarias. Caso isso ocorra, o etanol tende a perder competitividade nos postos, já que a paridade de preços com o combustível fóssil deve se ampliar.
O Itaú BBA destaca que, mesmo com o aumento da oferta de etanol de milho, a menor disponibilidade de cana-de-açúcar e a redução do mix de produção voltado ao biocombustível devem manter restrita a oferta de etanol de cana na safra 2025/26.
Com esse cenário, produtores têm antecipado vendas como forma de proteção diante da expectativa de ajustes para baixo na gasolina doméstica.
Diferença de preços reforça expectativa de ajuste
No início de outubro, o contrato futuro da gasolina negociado nos Estados Unidos (CME RBOB Gasoline) equivalia a R$ 2,62 por litro, enquanto a gasolina vendida pela Petrobras em Paulínia estava cotada a R$ 2,85 por litro. A diferença reforça a expectativa de acomodação dos preços no mercado interno, aponta o relatório.
Etanol pode se valorizar na entressafra
Para o analista Lucas Brunetti, da Consultoria Agro do Itaú BBA, o cenário ainda pode favorecer o etanol nos próximos meses.
“Caso o reajuste da gasolina não ocorra nos próximos meses, o potencial de valorização do etanol durante a entressafra tende a aumentar, diante do quadro de fundamentos apertados no setor, avalia
A área de soja da safra 2025/26 atingiu 36% do plantio no Brasil até a última quinta-feira (23), segundo levantamento da AgRural, contra 24% na semana anterior e igual ao registrado no mesmo período do ano passado. A consultoria ressalta que, embora o clima tenha favorecido a semeadura na última semana, a irregularidade das chuvas e o calor no Centro-Oeste seguem como preocupação, especialmente com a previsão de tempo seco para os próximos dias.
“De um modo geral, o clima foi favorável à semeadura na semana passada, mas há pontos de atenção no Centro-Oeste do país por causa da irregularidade das chuvas e do calor. A maior preocupação, no momento, é a previsão de tempo seco e quente nesta semana”, comentou a AgRural, em nota.
Milho
No milho verão 2025/26, o plantio atingiu 55% da área estimada para o Centro-Sul do país até quinta-feira, comparado a 51% na semana anterior e 53% no mesmo período do ano passado.
Com a semeadura praticamente finalizada no Sul, o foco agora está no desenvolvimento das lavouras e no início do plantio nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde os trabalhos começaram recentemente.
O mercado de fretes agrícolas enfrenta um período de adaptação ao tabelamento de preços da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que entrou em vigor no início de outubro com progressivas medidas de controle e informatização. Transportadores temem distorções competitivas que possam prejudicar caminhões menores e esvaziar rotas menos rentáveis.
Além disso, a robusta safra de verão 2025/26 e o fluxo intenso de exportações devem manter a demanda aquecida nos próximos meses, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Impactos do tabelamento da ANTT
De acordo com o Boletim Logístico de outubro, o mercado tem apresentado “uma certa lateralidade, sem tendência clara de alta ou de queda, registrando movimentos nas duas direções, majoritariamente em caráter moderado”. O ponto de destaque é justamente o tabelamento da ANTT.
“De acordo com representantes do setor, por mais que sejam medidas demandadas e bastante esperadas pelos agentes de mercado, podem eventualmente ocorrer alguns efeitos adversos”, informou a Conab. Entre os problemas apontados estão “a menor competitividade de caminhões menores, com sete eixos ou menos, comparativamente aos caminhões de nove eixos, além de distorções de preços entre rotas”, diz o boletim.
A preocupação é que o tabelamento “poderia esvaziar a oferta de transporte em rotas não tão atrativas e viáveis, ao mesmo tempo em que poderia criar maiores incentivos para certas rotas de maior viabilidade”.
A estatal avaliou que “esse quadro geraria distorções de mercado, além da percepção dos players atuantes, de que isso poderia acarretar ineficiências no mercado como um todo”. “Neste contexto, entende-se que o tabelamento, além de criar incentivos artificiais de mercado e provocar algumas distorções, tende a prejudicar mais caminhões menores, com menor quantidade de eixos”, concluiu a Conab sobre o tema.
Cenário desfavorável, mas com ressalvas
Apesar das ressalvas, a companhia destacou que o setor não deve registrar paralisações. “Mesmo com o descontentamento de parcela dos transportadores, o setor como um todo entende que não haverá manifestações ou paralisações, uma vez que o tabelamento sempre foi uma demanda do setor, ainda que se atribuam algumas deficiências ao seu funcionamento prático”, disse.
O ambiente favorável para o escoamento contribui para a aceitação das novas regras. “É importante também destacar que há muito produto a ser escoado em Mato Grosso, como decorrência das safras recordes de soja e de milho, havendo demanda firme tanto do mercado interno quanto do mercado externo”, afirmou a Conab.
A demanda externa tem sido “impulsionada pelas desavenças comerciais entre Estados Unidos e China, com redirecionamento da demanda chinesa pelo produto brasileiro e mato-grossense”. Segundo a estatal, “os transportadores entendem que este momento é bastante favorável para fazer a frota girar ao mesmo tempo em que é dada vazão à enorme produção colhida em 2025”.
Projeções para a safra 2025/26
A primeira estimativa da safra 2025/26, divulgada pela Conab em outubro, projeta produção total de 354,7 milhões de toneladas de grãos, volume 0,8% superior ao obtido em 2024/25. A área a ser semeada deve crescer 3,3% em relação ao ciclo anterior, chegando a 84,4 milhões de hectares.
Para o milho, a expectativa é de 138,6 milhões de toneladas somadas às três safras do grão. “Apenas na primeira safra do cereal a Companhia prevê um incremento na área semeada em torno de 6,1%, com estimativa de colher 25,6 milhões de toneladas, indicando crescimento de 2,8% se comparada à safra passada”, informou o boletim.
A avicultura é a palavra que resume a história da família Rasmussen, em Lapa, no Paraná. No fim dos anos 1970, o casal iniciou o primeiro galpão com coragem e poucos recursos. Em 1980, veio o primeiro alojamento e o sonho tomou forma na propriedade. Logo depois, a família enfrentou a perda do pai e precisou reorganizar a vida.
Mesmo com sete filhos pequenos e dívidas por pagar, dona Odete manteve a granja funcionando. Ela contou com a mãe, primos e a solidariedade de vizinhos para atravessar noites frias. Naquele tempo, tudo era manual: fogo a lenha para aquecer os pintinhos e bebedouros simples. A fé no trabalho e a disciplina fizeram a diferença.
Valores que sustentam a atividade
Os filhos cresceram entendendo que cada turno no aviário garantiria o dia seguinte. Os mais velhos assumiram responsabilidades cedo e ajudaram a organizar a rotina. Com o tempo, a família consolidou valores: honestidade, união e respeito à atividade. Assim, o negócio se manteve vivo por mais de quatro décadas.
A adolescência trouxe novas tarefas e menos tempo para brincadeiras. Porém, a família Rasmussen aprendeu cedo a dividir funções e a somar esforços. Quando não havia mão de obra, os próprios irmãos cobriam as escalas do aviário. Nada ficava sem fazer, mesmo quando o dinheiro demorava para entrar.
Modernização e desafios
Dona Odete não desistiu, ainda que o retorno levasse meses para acontecer. Ela enfrentou a falta de luz, o peso da lenha e o esforço de manter a chama acesa. A cada lote entregue, a família pagava uma parte das contas e seguia adiante. Persistência virou rotina, e o aprendizado, patrimônio.
Nos anos 2000, a necessidade de modernização exigiu uma decisão. Em 2005, com um único aviário e limitações de investimento, os filhos assumiram a gestão. A mãe permaneceu como referência e conselheira, validando cada passo. A sucessão começou de forma prática, com metas e responsabilidades claras.
Estratégias de produção e biosseguridade
A virada veio com a oportunidade de montar um galpão de matrizes. Técnicos e antigos gestores enxergaram potencial na família e apoiaram o projeto. Os irmãos, já experientes, aceitaram o desafio e organizaram a estrutura. Com planejamento, migraram do frango de corte para a fase de matrizes.
Recebendo as aves com 22 semanas, a granja ajustou o manejo para garantir desempenho. O pico de postura passou a ser monitorado com rigor, reduzindo perdas ao longo do ciclo. Com dados na mão, os produtores decidiram cada etapa com segurança. Assim, a produção ganhou previsibilidade e melhor resultado.
Sucessão e legado
A mãe continuou presente nas decisões estratégicas e nos financiamentos. Antes de cada investimento, os filhos buscavam seu aval, mantendo a tradição. O respeito à origem guiou a modernização da granja, sem perder identidade. A transição, além de técnica, foi um exercício de família e gestão.
Com a influenza aviária no radar, a biosseguridade tornou-se prioridade absoluta. A propriedade instalou arco de desinfecção, barreira vegetal e controle de acesso. Funcionários passaram a tomar banho e trocar uniformes antes do núcleo. Combate a roedores e insetos virou rotina registrada em planilhas.
O futuro da avicultura
A gestão diária também evoluiu e hoje mede produção, custos e logística. Ao final do expediente, a equipe fecha dados, emite notas e projeta o dia seguinte. O foco está na qualidade de ovos férteis e no cumprimento de metas sanitárias. Essa disciplina sustenta margens e reduz surpresas na operação.
Por fim, a sucessão ganhou contorno humano e econômico. Os irmãos formaram um time que conhece cada etapa do processo. Dona Odete, orgulhosa, lembra noites sem luz que forjaram caráter. Agora, os netos observam o exemplo e já sonham com o futuro no campo.
A história dos Rasmussen mostra que tecnologia funciona melhor quando encontra propósito. Manejo correto, biosseguridade rígida e contas organizadas criam estabilidade. Quando a família caminha junto, a granja responde com produtividade. O resultado aparece no lote, no caixa e no ânimo de quem levanta cedo.
Para quem está no campo, a lição é objetiva e direta. Invista na prevenção, padronize processos e registre tudo com simplicidade. Faça do planejamento uma ferramenta diária, não um evento mensal. Assim, a propriedade atravessa crises e aproveita cada janela de mercado.
No interior do Paraná, a família Rasmussen prova que perseverança vence distâncias. Entre café passado e conversa na varanda, decisões firmam o amanhã. A avicultura segue como caminho, trabalho e orgulho de um legado vivo. E, a cada ciclo, a granja renova a esperança de quem nunca desistiu.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentou na última sexta-feira (24) o programa Caminho Verde Brasil para produtores rurais do Oeste da Bahia. A iniciativa, que será executada em todo o país, busca promover a produção agropecuária sustentável, a recuperação de pastagens degradadas e, consequentemente, agregar valor aos alimentos produzidos com critérios ambientais.
O lançamento regional ocorreu na sede da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), em Luís Eduardo Magalhães.
O encontro, promovido pela Aiba em parceria com as instituições da Aliança do Agro, reuniu as principais lideranças do agronegócio do estado e o assessor especial do Mapa, Carlos Ernesto Augustin.
Foto: Vinicius Ramos/Canal Rural Bahia
Foco em Sustentabilidade
O programa Caminho Verde Brasil já conta com um aporte inicial de R$ 30 bilhões para financiar sistemas de produção agropecuária e florestal sustentáveis.
Segundo Augustin, o programa aguarda ainda a adição de mais R$ 10 bilhões, que podem vir de um acordo com o governo japonês ainda neste ano.
O assessor especial do Mapa, disse ainda, que a verba já está disponível por meio de dez bancos credenciados que venceram o leilão para operar o financiamento.
“O Brasil precisa produzir mais, com critérios bem definidos, bem fortes de sustentabilidade e com selos. É isso que nós estamos buscando para ter no futuro próximo um valor e um mercado diferenciado para produtos ambientalmente sustentáveis,” afirmou o assessor especial do Mapa.
Oeste da Bahia: Primeira região a receber o programa
Reconhecida por suas práticas sustentáveis, a região Oeste da Bahia foi a primeira área produtiva do país escolhida pelo Mapa para iniciar a divulgação do programa aos produtores.
Contudo, a meta nacional é ambiciosa: recuperar 40 milhões de hectares de áreas degradadas em 10 anos.
Reunião do assessor especial do Mapa com produtores rurais e entidades representativas do Oeste da Bahia | Foto: Vinicius Ramos/Canal Rural BA
Moisés Schmidt, presidente da Aiba, destacou a importância de sediar o evento:
“Receber o representante do Ministério aqui no Oeste da Bahia e na nossa casa, na Aiba, mostra que o produtor baiano e o produtor do Matopiba têm realmente trilhado o caminho da sustentabilidade. Todas as práticas, tecnologias, a parte de irrigação que investimos… Essa sustentabilidade da agricultura que implementamos aqui vem surgindo em efeito.”
Condicionantes para Acesso ao Financiamento
O financiamento do Caminho Verde Brasil está atrelado a uma série de condicionantes que visam garantir a sustentabilidade das operações. Entre elas estão:
Práticas agrícolas sustentáveis;
Produção de baixo ou carbono zero;
Desmatamento zero;
Balanço anual de carbono;
Certificação trabalhista.
Além disso, Jacson Ismael Wallauer, diretor financeiro da Aprosoja Bahia, ressaltou o empenho local nas pautas ambientais:
“A gente vive um mercado bem complicado em relação à questão ambiental, e a Bahia tem trazido essa pauta sempre. Desde que estamos aqui no Oeste, os produtores de soja da Bahia têm preservado toda a diversidade ecológica. Isso nos dá uma qualidade de produto com selo e rastreabilidade para vender um produto de qualidade para o mundo.”
Cerrado receberá a maior parte dos recursos
Segundo o programa, o bioma Cerrado, onde o Oeste da Bahia está inserido, receberá a maior parte dos recursos, com previsão de mais de R$ 17 bilhões.
O assessor Carlos Ernesto Augustin justificou a prioridade dada à região:
“A gente vislumbra no Oeste da Bahia associações fortes, organizadas, tanto na parte associativista quanto nos critérios de sustentabilidade. Não lembro de outra região do Brasil que leve tão a sério e que trabalhe tão forte na questão das águas, das reservas, das APPs, cobertura do solo, enfim, várias práticas positivas que são ensinadas nessa região.”
Você também pode participar deixando uma sugestão de pauta. Siga o Canal Rural Bahia no Instagram e nos envie uma mensagem.
Programa Porteira Aberta Empreender | Tema: Virada Empreendedora
Empreender é, muitas vezes, transformar desafios em oportunidades. E é exatamente isso que no Porteira Aberta Empreender, nós falamos sobre Virada Empreendedora, onde mostramos: histórias reais de pessoas que encontraram na dificuldade uma chance de recomeçar, inovar e seguir em frente.
O programa reúne trajetórias inspiradoras de quem decidiu não desistir diante dos obstáculos. São exemplos de resiliência, criatividade e coragem gente que fez do “não” um novo caminho e provou que é possível dar a volta por cima com determinação e propósito.
Mais do que contar histórias de sucesso, o Porteira Aberta Empreender celebra o poder da transformação. Assista agora ao programa completo no YouTube e inspire-se com essas viradas que fazem a diferença.
A consultoria StoneX estima que o Brasil deve produzir 3,73 milhões de toneladas de algodão na safra 2025/26. O cenário é de oferta elevada e demanda doméstica firme, sustentado por custos menores de insumos e maior competitividade das indústrias têxteis nacionais.
A projeção foi atualizada em outubro e traz revisão positiva para a área plantada no país. Mesmo com a leve redução em Mato Grosso, principal estado produtor, o desempenho nacional tende a se manter elevado.
Mato Grosso reduz área; Bahia deve manter o plantio
Segundo o levantamento, Mato Grosso deve diminuir a área cultivada em cerca de 90 mil hectares, queda próxima de 6% em relação ao ciclo anterior. Já na Bahia, a expectativa é de estabilidade, com manutenção da área semelhante à da última temporada.
Apesar do ajuste regional, a consultoria aponta consumo interno em recuperação, impulsionado pelo custo mais baixo das matérias-primas e pela melhora na competitividade da indústria nacional.
“A combinação entre preços menores e um ambiente mais favorável à indústria deve manter as fiações ativas no mercado interno”, explica Raphael Bulascoschi, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Revisão positiva para a safra 2024/25
A StoneX também revisou para cima os números da safra anterior. A produção de 2024/25, já colhida, foi ajustada para 4,15 milhões de toneladas, alta de 150 mil toneladas frente à estimativa divulgada em setembro.
De acordo com Bulascoschi, o aumento reflete rendimentos acima do esperado em estados como Bahia e Mato Grosso, além de correções em regiões de menor peso na produção nacional.
A consultoria manteve a projeção de 3 milhões de toneladas em exportações tanto para 2024/25 quanto para 2025/26, indicando continuidade do ritmo firme de embarques no curto prazo.
O volume de produção da agroindústria brasileira caiu 2,1% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2024. No acumulado do ano, a retração é de 0,5%, segundo o Índice de Produção Agroindustrial (PIMAgro) divulgado pelo FGVAgro nesta segunda-feira (27).
Os setores de Bebidas e Produtos Não-Alimentícios registraram as maiores quedas no mês. O segmento de Bebidas caiu 4,9%, com destaque para as bebidas alcoólicas, que tiveram retração de 11,8%, atingindo o menor nível de produção desde 2014. A queda ocorreu antes dos casos de contaminação por metanol, registrados em setembro.
Produtos Não-Alimentícios registraram redução de 4,2%, puxada principalmente pela produção de biocombustíveis, que caiu 24,1%. Esse resultado representa a pior performance para o mês de agosto desde o início da série histórica, em 2003.
Desafios para o setor em 2025
Pesquisadores do FGVAgro destacam que a agroindústria enfrenta dificuldades em 2025 por fatores econômicos e políticos. A política monetária restritiva contribui para a desaceleração da economia, enquanto a valorização do real reduz a competitividade e as receitas de alguns produtos no mercado internacional.
Além disso, os efeitos do tarifaço dos EUA têm impacto direto e indireto sobre o setor. Parte da perda de receita veio da redução de embarques para o país norte-americano (efeitos de primeira ordem). Outra parte decorreu da deterioração das expectativas dos empresários, mesmo em segmentos considerados isentos da tarifa elevada anunciada em julho.
Perspectivas e atenção ao mercado internacional
Segundo especialistas, os efeitos combinados de política econômica interna e choques externos tornam o ambiente de negócios mais desafiador para produtores e indústrias. A recuperação da produção depende de ajustes na competitividade e na confiança dos empresários.
O cenário ressalta a necessidade de acompanhamento constante das tendências internacionais e das políticas comerciais, que influenciam diretamente a produção e a exportação de produtos agroindustriais brasileiros.
O mercado global de soja encerrou a última semana em compasso de cautela, influenciado pela volatilidade cambial e pela ausência de novas informações sobre o comércio entre Estados Unidos e China.
No Brasil, o La Niña gera efeitos climáticos desiguais. Segundo a plataforma Grão Direto, o fenômeno impacta no desenvolvimento das lavouras e acentua as disparidades regionais, com o plantio avançando bem no Centro-Oeste, enquanto no Sudeste o ritmo é mais lento e concentrado em áreas irrigadas.
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Soja no cenário internacional
No cenário internacional, o fortalecimento do dólar norte-americano refletiu a busca por ativos de segurança diante das tensões políticas na Europa e na Ásia. A revisão positiva do PIB dos Estados Unidos reforçou a percepção de uma economia ainda aquecida, reduzindo as apostas em cortes mais agressivos de juros pelo Federal Reserve, ainda que dois cortes de 25 pontos-base até o fim do ano sigam precificados.
Em Chicago, o mercado trabalhou de lado, limitado pela paralisação do governo americano (shutdown), que suspendeu a divulgação de dados agrícolas, e pela expectativa de um possível acordo comercial entre Washington e Pequim.
O contrato de soja para agosto de 2025 encerrou a US$ 9,67 por bushel, alta de 0,52% na semana, enquanto o contrato para março de 2026 recuou 0,10%, cotado a US$ 10,22 por bushel. No Brasil, a moeda norte-americana caiu 1,98%, fechando a R$ 5,44, o que manteve os preços físicos da soja praticamente estáveis, sustentados por prêmios portuários elevados.
La Niña
O fenômeno climático La Niña segue como fator fundamental para a safra 2025/26, com impacto desigual nas regiões agrícolas brasileiras. O Sul deve enfrentar chuvas abaixo da média e ondas de calor, enquanto o Norte e o Nordeste devem registrar precipitações acima do normal, beneficiando o Matopiba. No Centro-Oeste, as condições seguem favoráveis, ao passo que o Sudeste enfrenta risco de veranicos e estresse hídrico.
Em termos gerais, a perspectiva é de um La Niña fraco, com menor risco climático agregado, mas forte variação regional. Nesse contexto, a eficiência no calendário de plantio e o uso de estratégias de mitigação serão determinantes para preservar a produtividade da soja e do milho nas próximas semanas.
EUA-China
As atenções agora se voltam às reuniões comerciais entre EUA e China, que devem ocorrer na Malásia no fim de semana e podem trazer volatilidade ao mercado. Sem confirmação de novas compras chinesas, os fundos reduziram posições compradas. Historicamente, o período entre outubro e novembro tende a ser de correção, em nove dos últimos quinze anos, os preços recuaram no intervalo.
O presidente Donald Trump disse nesta segunda-feira (27) que Estados Unidos e China devem sacramentar um acordo comercial em breve. A declaração do presidente norte-americano ocorre dias antes do encontro com o líder chinês, Xi Jinping, previsto o final desta semana.
Em entrevista a repórteres antes de embarcar para o Japão, onde a reunião deve ocorrer, Trump afirmou que tem muito respeito pelo presidente da China. “Acho que chegaremos a um acordo”, disse.
Em meio a isso, Brasil e China também vivem um momento de maior aproximação, principalmente na área comercial. Neste sentido, o mercado brasileiro pode encontrar mais uma oportunidade: a venda de produtos de valor agregado para o gigante asiático. Essa é a avaliação de Vitor Moura, diretor de marketing da Câmara Brasil-China.
China e o consumo em expansão
Apesar da China ser o maior parceiro comercial do Brasil há mais de uma década, o envio de produtos brasileiros de maior valor agregado para o mercado chinês ainda é pouco explorado. Para o Moura, as oportunidades têm a ver com o crescimento da classe média chinesa e seu potencial de consumo.
“Essa classe média chinesa tem capital, condições e canais para consumir produtos de maior qualidade e, acima de tudo, o desejo de fazê-lo. Esses consumidores apresentam demandas que o Brasil poderia atender se investir nos produtos certos”, afirma.
De acordo com o especialista, produtos exclusivamente brasileiros tem potencial de ‘abrir o apetite’ chinês. É o caso de derivados do açaí, jabuticaba, castanha-do-Pará e pescados da região amazônica. “Tudo que seja exclusivo do Brasil pode ter valor agregado e abrir o mercado para a China”, diz.
Desafios no meio do caminho
Apesar do cenário de oportunidades, o Brasil precisa fortalecer a sua marca no exterior. Segundo Moura, esse é o maior desafio atualmente.
“O consumidor chinês tem características próprias, preferências de embalagem e sabor, exigindo adaptações na produção. Não adianta apenas replicar o que já se faz no Brasil”, afirma. Para isso, o especialista aponta dois passos essenciais: mudar a mentalidade e o trabalho conjunto entre empresários, governo e corpos diplomáticos.
Outros desafios citados por Moura passam pela exigência de investimento inicial e de regulações rígidas. “O mercado chinês é muito competitivo, exigindo capital no início. Além disso, a China tem exigências cada vez maiores na importação de alimentos, especialmente proteínas”, alerta.